São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 2000

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SÃO PAULO

Prédio da USP passará por restauração de três anos, com custo de R$ 35 milhões; 62 laboratórios serão modernizados

Reforma revitaliza a Faculdade de Medicina

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O prédio da Faculdade de Medicina da USP vai ganhar cara nova e instalações condizentes com o prestígio de sua produção científica. Em três anos, o amarelecido edifício que dá frente para a avenida Dr. Arnaldo Viera de Carvalho ressurgirá restaurado em meio a um bulevar de ipês roxos.
Seus 62 laboratórios, salas de aula e corredores tomados por "gambiarras" de todo o tipo serão reformados e modernizados. Hoje, para conservar equipamentos caros e sensíveis, são necessários enormes estabilizadores de corrente elétrica ligados a fios que entram pela janela. Num futuro próximo, cabos de energia, de telefonia, ar condicionado e canos de gases estarão protegidos em tubulações invisíveis.
A operação "de volta para o futuro" está orçada em R$ 35 milhões. Desse total, R$ 32,4 milhões devem vir de patrocínios de empresas e cidadãos. O convite está sendo lançado a toda a sociedade em nome do prestígio da instituição e com as vantagens da Lei Rouanet.
Como retorno extra, a pessoa física ou jurídica terá seu nome estampado nas placas da obra e associado a eventos da escola (leia texto nesta página). A empreitada está a cargo da Faculdade de Medicina e da Fundação Faculdade de Medicina, dirigida por Sandra Papaiz Refinetti.
"A modernização da faculdade é fundamental para dinamizar as atividades de pesquisa e investigação de uma equipe que cresceu muito na última década", diz Irineu Tadeu Velasco, diretor da escola, presidente do conselho deliberativo do Hospital das Clínicas e do conselho curador da Fundação Faculdade de Medicina.
"O projeto também criará melhores condições para as áreas de ensino e difusão do conhecimento. Optamos pelo levantamento de fundos, porque a USP não tem esse dinheiro."

Bosque transplantado
A Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi fundada em 1913, ocupando prédios em diversos locais, até que o conjunto da Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho foi inaugurado em 1931. Em 1934 a escola passou a integrar a USP. E em 1944 foi inaugurado o Hospital das Clínicas, como hospital universitário da faculdade.
O edifício central da escola, esparramado em vários braços, e o prédio do Instituto Oscar Freire, de frente para a rua Teodoro Sampaio, foram custeados pela Fundação Rockefeller e projetados pelo escritório F.P. Ramos, do arquiteto Ramos de Azevedo.
Além da restauração, esse conjunto de prédios terá seu interior, salas de aula e laboratórios modernizados. O subsolo do prédio central, onde funcionava o centro acadêmico, foi destruído por um incêndio no início do ano passado. A reforma contempla a reconstrução de toda essa área.
Os prédios do Instituto de Medicina Tropical e os grandes edifício do biotério, construídos posteriormente, passarão apenas por reformas internas.
O edifício central e o prédio do Instituto Oscar Freire foram tombados em 1981 pelo Condephaat, órgão de defesa do patrimônio histórico do Estado de São Paulo.
O projeto de restauro foi contratado há dois anos e deve contribuir também para o embelezamento paisagístico dessa ponta do espigão da Paulista.
Árvores da mata atlântica espalhadas pelo entorno dos prédios serão transplantadas, formando um bosque à direita do edifício.
O projeto contempla a ordenação da circulação e estacionamento de carros, aumentando os espaços para lazer, convívio e circulação de seus usuários.
O teatro de 250 lugares, situado na entrada do prédio e reduzido a esporádicas palestras, será restaurado e aberto ao público para peças teatrais e mostras.

Tomada de luz
O mais custoso do projeto da nova faculdade não será visível aos olhos da população. Trata-se da modernização dos laboratórios, hoje limitados em espaço, com estrutura sobrecarregada e corredores atravancados por freezers e equipamentos.
Quando o prédio foi inaugurado, em 1931, "muitos laboratórios necessitavam apenas de uma tomada de luz", diz o diretor Irineu Tadeu Velasco. Hoje, vários laboratórios -como o seu próprio, de "emergências clínicas"- abrigam equipamentos de mais de US$ 500 mil.
As 62 linhas de pesquisas desenvolvidas pela Faculdade de Medicina colocam a instituição em terceiro lugar na produção científica dentro da USP. São cerca de US$ 5 milhões de pesquisa por ano, diante de um total de US$ 50 milhões investido pelo total de 35 unidades e institutos de pesquisa da universidade.
"Pelos critérios norte-americanos que avaliam as instituições de pesquisa, a USP estaria em 60º lugar entre as 120 melhores, caso estivesse nos EUA", diz Velasco.
Desde o seu início, o curso de medicina já graduou 8.736 alunos, além dos 1.440 formados em fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional. Hoje são 1.386 alunos de graduação e 1.470 de pós graduação em 30 áreas diversas de interesse
A escola já concedeu 672 títulos de livre-docente e teve 173 professores titulares, 46 deles na ativa.


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