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Vigilante de banco mata cliente após discussão
ITALO NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O vigilante de uma agência
do banco Itaú no centro do Rio
matou com um tiro, depois de
uma discussão, um cliente que
havia sido retido pela porta giratória do banco, equipada com
detector de metais.
Aproveitando o horário de almoço, o jornaleiro Jonas
Eduardo Santos de Souza, 35,
entrou às 13h30 na agência do
banco Itaú para pagar uma conta. Foi morto pelo vigilante Natalício de Souza Marins, que foi
levado à 5ª DP (Lapa).
Ele responderá, em liberdade, a acusação de homicídio doloso (com intenção). O delegado-adjunto Mário Arruda afirmou que, por não ter fugido e
chamado o Corpo de Bombeiros, ele não ficaria preso.
Pessoas que estavam na fila
formada em frente ao banco
devido à discussão afirmam
que o jornaleiro retirou moedas, celular e outros objetos.
"Eles se agrediram várias vezes", afirmou o assessor parlamentar Daniel Rodrigues.
Segundo o vigilante, Souza ficou preso na porta giratória e se
recusou a retirar os objetos de
metal que portaria, versão contestada por testemunhas. Após
discussão, o gerente foi chamado. Souza apresentou o cartão
do banco, para provar que era
cliente -correntista havia dez
anos-, o que liberou sua entrada. Ainda de acordo com depoimento de Marins, Souza o agrediu com um soco e um chute.
Após os golpes, ele teria sacado
a arma. Em seguida, disse ter
levado um tapa em uma das
mãos -não soube dizer se era a
que segurava o revólver. Depois
do tapa houve o disparo.
Um amigo de Souza, identificado como Isidoro, atribuiu outro motivo para o crime. "[Mataram] só porque era negro". A
advogada da família, Maíza
Evangelista, revoltada com a
não-detenção do vigilante, concorda. "Trata-se de um crime
por discriminação racial". O vigilante também é negro.
O coordenador-executivo da
Subsecretaria de Políticas Públicas contra a Discriminação
Racial, Nayt Junior, atribui o
caso a um suposto "racismo
institucional" do Itaú. "Quais
são as ordens que o banco dá
acerca do acesso na porta giratória?" questionou. Ele disse
existir três ações contra o Itaú
por dificuldade de acesso por
racismo.
Na delegacia, dois advogados
do Itaú se recusaram falar com
a imprensa. O Itaú divulgou nota em que lamenta o caso, chamado de "uma situação completamente imprevisível".
"Embora terceirizadas, as equipes de segurança nas agências
são sempre treinadas para um
melhor relacionamento com os
clientes. O Itaú está empenhado na assistência aos envolvidos e às autoridades na investigação", diz a nota.
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