São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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JOANA RESU TRIBUCHOWSKI (1923-2008)

Lembranças indesejadas de uma Polônia

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polônia ficou gravada na memória de Joana Tribuchowski como uma lembrança ruim. "Ela só falava sobre o assunto quando questionada", lembra o filho Petri.
O silêncio sobre o passado era compreensível: Joana perdeu toda a família e viveu dois anos num campo de concentração nazista. A terra natal virou uma recordação que ela preferiria não ter.
Em 1948, casada e com um filho nascido na Itália -onde morou por três anos- veio ao Brasil, após 30 dias num navio. Uma prima distante havia arrumado uma carta de recomendação para que o casal conseguisse emprego.
Uma vez no Rio, a dificuldade passou a ser o calor. "Meu pai não agüentou. Disseram a ele que o clima de SP era mais ameno, e eles vieram pra cá", conta o filho. Viveram 50 anos no Bom Retiro, no centro da capital.
O marido era alfaiate e fazia roupas por encomenda. Joana cuidava da casa.
Tiveram três crianças. Há cerca de 35 anos, perdeu um filho, então com 16, num acidente com a rede elétrica.
Para Petri, a mãe "perdeu 50% da alegria" na época.
Em 1985, o marido morreu, após falência dos órgãos.
Segundo o filho, era ela quem segurava os problemas de casa. "Meu pai era severo. Quando a gente aprontava, ela dava jeito de resolver."
Na sexta, após sofrer uma parada cardíaca, morreu, aos 85, em São Paulo. Teve a situação agravada por uma pneumonia. Há cerca de dez anos, lutava contra um linfoma (tumor). Deixa seis netos.

obituario@grupofolha.com.br


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