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JOANA RESU TRIBUCHOWSKI (1923-2008)
Lembranças indesejadas de uma Polônia
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polônia ficou gravada na
memória de Joana Tribuchowski como uma lembrança ruim. "Ela só falava sobre
o assunto quando questionada", lembra o filho Petri.
O silêncio sobre o passado
era compreensível: Joana
perdeu toda a família e viveu
dois anos num campo de
concentração nazista. A terra natal virou uma recordação que ela preferiria não ter.
Em 1948, casada e com um
filho nascido na Itália -onde
morou por três anos- veio
ao Brasil, após 30 dias num
navio. Uma prima distante
havia arrumado uma carta
de recomendação para que o
casal conseguisse emprego.
Uma vez no Rio, a dificuldade passou a ser o calor.
"Meu pai não agüentou. Disseram a ele que o clima de SP
era mais ameno, e eles vieram pra cá", conta o filho.
Viveram 50 anos no Bom
Retiro, no centro da capital.
O marido era alfaiate e fazia
roupas por encomenda. Joana cuidava da casa.
Tiveram três crianças. Há
cerca de 35 anos, perdeu um
filho, então com 16, num acidente com a rede elétrica.
Para Petri, a mãe "perdeu
50% da alegria" na época.
Em 1985, o marido morreu,
após falência dos órgãos.
Segundo o filho, era ela
quem segurava os problemas
de casa. "Meu pai era severo.
Quando a gente aprontava,
ela dava jeito de resolver."
Na sexta, após sofrer uma
parada cardíaca, morreu, aos
85, em São Paulo. Teve a situação agravada por uma
pneumonia. Há cerca de dez
anos, lutava contra um linfoma (tumor). Deixa seis netos.
obituario@grupofolha.com.br
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