São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Empresários se reuniram para discutir se vão à Justiça contra decisão que suspendeu redução da alíquota de taxa

Ação pode contestar na Justiça ISS maior

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários dos setores de terceirização, de contratação de mão-de-obra e de limpeza podem propor ação contra uma decisão de anteontem do Tribunal de Justiça de São Paulo que suspendeu a redução da alíquota de ISS (Imposto Sobre Serviços) para empresas de determinadas áreas.
O assunto foi discutido ontem em uma reunião de dois sindicatos e uma associação de empresas do setor. No total, as entidades representam cerca de 5.000 empresas no Estado de São Paulo.
Eles voltam a se reunir na próxima segunda-feira para discutir possíveis medidas judiciais contra a decisão do TJ.
Anteontem, o presidente do tribunal, Márcio Bonilha, acatou recurso da prefeita Marta Suplicy (PT) em uma ação direta de inconstitucionalidade proposta contra o Refis (Programa de Recuperação Fiscal).
Com a decisão, ficou suspenso um artigo incluído na lei do programa que previa redução de 5% para 0,75% da alíquota do ISS para empresas com sede em São Paulo, como as de contratação de mão-de-obra.
A mudança havia sido aprovada no final do ano passado pela Câmara e transformada em lei pelo ex-prefeito Celso Pitta (PTN).
A ação da prefeita foi proposta, entre outros motivos, devido a um estudo feito pela equipe da Secretaria das Finanças.
O levantamento mostra que a redução da alíquota do ISS provocaria perda de R$ 275,8 milhões com a arrecadação do tributo.
Segundo o Sindicon (empresas de asseio e conservação), o Sindeprestem (mão-de-obra e trabalho temporário) e a Asserttem (serviços terceirizáveis), a redução da alíquota poderia atrair cerca de 2.500 empresas e, consequentemente, uma arrecadação maior de ISS para São Paulo.
Segundo o argumento das entidades, as empresas se transfeririam de outras cidades para se beneficiar da lei do ex-prefeito.
Além do imposto menor, o objetivo seria o de obter custos menores de transporte de funcionários e de equipamentos, pois algumas empresas já prestam serviços em São Paulo.
O argumento é rebatido pelo secretário das Finanças, João Sayad. Ele considera que a cidade não deve entrar na "guerra fiscal", reduzindo a alíquota do ISS, para atrair empresas. A justificativa é a de que outras cidades já tem alíquotas menores do que a de 0,75%, que foi suspensa.
Material divulgado pelos sindicatos e associação que se reuniram ontem informa que, na Grande São Paulo, há sete cidades com alíquota menor de que 0,5%. A taxa incide sobre os serviços prestados pelas empresas.
Na ação que as empresas poderão propor, também poderá ser contestada a suspensão de outro artigo do Refis. Ele perdoava a dívida de ISS para empresas que se instalassem em São Paulo.
O artigo beneficiaria empresas que, segundo a prefeitura, têm sedes de fachada em municípios da Grande São Paulo com o objetivo de recolher menos imposto.
Como vigorava, o artigo permitia que a cobrança de imposto fosse perdoada, se fosse comprovado o recolhimento do tributo em outra cidade. Essa situação ocorreria mesmo se a prefeitura já tivesse constatado a ocorrência de sonegação do tributo na cidade.


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