São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Líder petista defende medidas duras para evitar que atitudes dos prefeitos prejudiquem a imagem do partido

Lula critica prática de nepotismo pelo PT

DA REPORTAGEM LOCAL

O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a prática de nepotismo no partido e pediu "medidas duras" para evitá-la.
Ele citou nominalmente o exemplo de Caetés (PE), município desmembrado de Garanhuns, sua terra natal. Disse que a atitude do prefeito Zé da Luz, que nomeou sete parentes, incluindo a mulher e uma filha, é "grave".
"Colocar mulher e filho não é uma prática do PT. A população até aceita o PFL fazer isso, mas não é bom o PT fazer", declarou.
Lula defendeu que o partido tome uma "atitude" quanto a esse e a outros casos que surjam, mas não especificou o que poderia ser. No final da tarde, seguindo recomendação do partido, o prefeito de Caetés demitiu a mulher, que era secretária da Educação.
Há ainda denúncias de nepotismo petista em Quixadá (CE) e Recife (PE). Outro caso controverso foi o aumento do salário do prefeito de Aracaju (SE), Marcelo Déda, aprovado pela Câmara. Pressionado pela cúpula do partido, Déda abriu mão do aumento.
O desgaste levou a Executiva Nacional do PT a recomendar formalmente, anteontem, que todos os prefeitos reconsiderem a nomeação de parentes.
Para Lula, o PT não pode se arriscar a perder o que ele chamou de "seu patrimônio". "Eu acho que o PT tem um patrimônio, que é a questão da ética, da seriedade no trato da coisa pública, que não pode perder", disse. "Se você permitir, daqui a pouco nós viramos um partido como outro qualquer, que é o que nossos adversários desejam. Eu acho que o partido não vai permitir isso."
Apesar das críticas, Lula defendeu a postura do prefeito de Recife, João Paulo, que nomeou a mulher para o cargo de assessora especial da Secretaria da Saúde.
"O caso do João Paulo eu não considero nepotismo, porque a mulher já era funcionária pública, ele apenas a requisitou." No momento da declaração, Lula não sabia que ela havia sido exonerada. Lula disse ainda que Déda "não teve culpa" pelo aumento de seu salário. "Foi uma decisão da Câmara, e o Déda teve o bom senso de recusar." (FÁBIO ZANINI)

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