São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2001

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SAÚDE

Uma das medidas permite ao hospital que fizer a captação do órgão cobrar os custos do SUS mesmo não sendo credenciado

Governo cria incentivos para transplantes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde divulgou ontem medidas para aumentar a captação de órgãos e o número de transplantes realizados no país.
Entre elas estão a permissão para que qualquer hospital que fizer a captação possa cobrar os custos do SUS (Sistema Único de Saúde), mesmo que não seja credenciado ao sistema, e o reajuste dos valores pagos pelas cirurgias.
No ano passado, o governo federal gastou R$ 75,2 milhões com transplantes. Se for incluído gasto com medicamentos e outros exames, o valor passa para R$ 162,2 milhões. Para 2001, o governo ainda não tem o total a ser gasto.
O ministério calcula que podem ser gastos R$ 6 milhões a mais por ano só nos transplantes. Segundo o ministério, será reajustado em 75% o pagamento de transplantes a hospitais do SUS. O reajuste irá igualar o pagamento das outras instituições ao que hoje é repassado a hospitais universitários.
Atualmente, os universitários recebem a mais devido ao Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa (Fideps). "Agora todos os hospitais cadastrados vão receber o mesmo valor", afirmou o ministro da Saúde, José Serra.
O reajuste fará com que o custo de um transplante de coração passe de R$ 12.710 para R$ 22.242. O de fígado passará de R$ 29.656 para R$ 51.899. "Queremos que os hospitais passem a fazer mais transplantes", disse o ministro.
Para aumentar a captação de órgãos doados, o Ministério da Saúde também vai aumentar a remuneração de equipes que tenham que se deslocar para buscar órgãos doados. Se for para outro município, o aumento será de 50%. Para outro Estado, de 100%.
"A captação é um procedimento bem mais simples. Quase todos os hospitais podem fazer", disse Serra. "Não adianta a pessoa querer doar e não ter como fazer."

Números
A intenção do ministério é aumentar a oferta de órgãos para transplante e diminuir a perda.
No ano passado, foram realizados 5.707 transplantes no país, o que coloca o Brasil no segundo lugar em número de operações, perdendo somente para os Estados Unidos, de acordo com o ministério. Desde 1997, o crescimento foi de 46,8%.
No entanto, existem hoje ainda 35.751 pessoas na fila. "O número de transplantes nunca chegará a alcançar toda a fila, mas podemos crescer ainda mais", afirmou Alberto Beltrame, diretor do Departamento de Sistemas e Redes Assistenciais do ministério.
A perda de órgãos doados deverá diminuir com o trabalho da Central Nacional de Transplantes, que funciona desde agosto.
Não há dados nacionais da perda de órgãos, o que pode ser obtido com as novas iniciativas.
Atualmente, somente nove Estados realizam transplantes no Brasil e apenas de alguns tipos, como pâncreas e pulmão. Mas eles são realizados em pouquíssimas instituições.
Isso fazia com que um órgão fosse perdido, se um Estado não pudesse aproveitá-lo. Com a central, é mais fácil localizar os receptores em qualquer lugar do país.


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