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SAÚDE
Uma das medidas permite ao hospital que fizer a captação do órgão cobrar os custos do SUS mesmo não sendo credenciado
Governo cria incentivos para transplantes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Saúde divulgou
ontem medidas para aumentar a
captação de órgãos e o número de
transplantes realizados no país.
Entre elas estão a permissão para que qualquer hospital que fizer
a captação possa cobrar os custos
do SUS (Sistema Único de Saúde),
mesmo que não seja credenciado
ao sistema, e o reajuste dos valores pagos pelas cirurgias.
No ano passado, o governo federal gastou R$ 75,2 milhões com
transplantes. Se for incluído gasto
com medicamentos e outros exames, o valor passa para R$ 162,2
milhões. Para 2001, o governo
ainda não tem o total a ser gasto.
O ministério calcula que podem
ser gastos R$ 6 milhões a mais por
ano só nos transplantes. Segundo
o ministério, será reajustado em
75% o pagamento de transplantes
a hospitais do SUS. O reajuste irá
igualar o pagamento das outras
instituições ao que hoje é repassado a hospitais universitários.
Atualmente, os universitários
recebem a mais devido ao Fator
de Incentivo ao Desenvolvimento
do Ensino e Pesquisa (Fideps).
"Agora todos os hospitais cadastrados vão receber o mesmo valor", afirmou o ministro da Saúde,
José Serra.
O reajuste fará com que o custo
de um transplante de coração
passe de R$ 12.710 para R$ 22.242.
O de fígado passará de R$ 29.656
para R$ 51.899. "Queremos que os
hospitais passem a fazer mais
transplantes", disse o ministro.
Para aumentar a captação de órgãos doados, o Ministério da Saúde também vai aumentar a remuneração de equipes que tenham
que se deslocar para buscar órgãos doados. Se for para outro
município, o aumento será de
50%. Para outro Estado, de 100%.
"A captação é um procedimento bem mais simples. Quase todos
os hospitais podem fazer", disse
Serra. "Não adianta a pessoa querer doar e não ter como fazer."
Números
A intenção do ministério é aumentar a oferta de órgãos para
transplante e diminuir a perda.
No ano passado, foram realizados 5.707 transplantes no país, o
que coloca o Brasil no segundo lugar em número de operações,
perdendo somente para os Estados Unidos, de acordo com o ministério. Desde 1997, o crescimento foi de 46,8%.
No entanto, existem hoje ainda
35.751 pessoas na fila. "O número
de transplantes nunca chegará a
alcançar toda a fila, mas podemos
crescer ainda mais", afirmou Alberto Beltrame, diretor do Departamento de Sistemas e Redes Assistenciais do ministério.
A perda de órgãos doados deverá diminuir com o trabalho da
Central Nacional de Transplantes,
que funciona desde agosto.
Não há dados nacionais da perda de órgãos, o que pode ser obtido com as novas iniciativas.
Atualmente, somente nove Estados realizam transplantes no
Brasil e apenas de alguns tipos,
como pâncreas e pulmão. Mas
eles são realizados em pouquíssimas instituições.
Isso fazia com que um órgão
fosse perdido, se um Estado não
pudesse aproveitá-lo. Com a central, é mais fácil localizar os receptores em qualquer lugar do país.
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