São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2001

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Polícia do Rio procura mais um túnel na penitenciária de Bangu

SABRINA PETRY
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) procura no complexo penitenciário de Bangu (zona oeste) um segundo túnel que estaria sendo escavado por presos.
Essa segunda passagem subterrânea se encontraria com o túnel, descoberto anteontem pela PM (Polícia Militar), que vinha sendo escavado em direção ao presídio Bangu 3 a partir da favela Catiri.
Agentes penitenciários vistoriaram ontem os quatro presídios que a Secretaria Estadual de Justiça -a quem o Desipe é subordinado- considera de segurança máxima no complexo: Bangu 1, Bangu 2, Bangu 3 e Bangu 4.
O objetivo da vistoria é localizar a passagem subterrânea que estaria sendo construída pelos presos.
Para a Secretaria de Justiça e a Secretaria de Segurança Pública, o túnel aberto na favela Catiri se encontraria com o escavado pelos presos, possivelmente a partir de uma das galerias de Bangu 3.
O túnel descoberto pela PM (Polícia Militar) começa dentro de uma casa na favela.
Ele fica 6 m sob a superfície, é totalmente concretado, tem 80 m de comprimento, 1,70 m de altura e 90 cm de largura. Pelo túnel, poderiam passar duas pessoas de altura média simultaneamente sem se curvar. O túnel chegou a 50 m do muro de Bangu 3.
Segundo o diretor do Desipe, Manoel Pedro da Silva, nenhum túnel havia sido encontrado nos presídios até o final da tarde. As buscas continuam hoje.
A procura do outro túnel começou depois que o biólogo Jorge Gomes, da Superintendência de Saúde da Secretaria de Justiça, notificou ao Desipe um caso de leptospirose em Bangu 3.
A contaminação de um preso pela doença (transmitida pela urina de ratos) significa, diz o diretor do Desipe, que uma passagem subterrânea também está sendo escavada dentro do presídio. O nome do preso não foi divulgado.
Segundo agentes penitenciários, os túneis abertos nas cadeias passam pelas tubulações de esgoto, ficando o preso sujeito a contrair leptospirose.
"A doença ainda não foi confirmada. Se há um preso contaminado lá dentro, isso significaria, inevitavelmente, que um túnel estaria sendo cavado", disse Silva.
Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores da Secretaria Estadual de Justiça, Francisco Rodrigues Rosa, a passagem foi construída a mando de detentos vinculados ao Comando Vermelho Jovem -facção responsabilizada pelas recentes mortes dos traficantes Denir Leandro da Silva, o Dênis da Rocinha, e Mauro Castellano, o Gigante.
"Atualmente, são eles (os integrantes do Comando Vermelho Jovem) os mais fortes e com mais poder dentro e fora dos presídios", disse.
Ele conta que os agentes vivem apavorados dentro das penitenciárias, onde a "segurança não existe". "Essa história de segurança máxima é uma farsa", afirmou.
Segundo ele, apenas 300 agentes penitenciários são responsáveis pela segurança dos aproximadamente 9.000 detentos que cumprem pena no complexo.
"Existem no máximo dez agentes em cada unidade", disse.




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