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BARBARA GANCIA
Agora quem dá medo é a Regina Duarte!
Fazia tempo que minha
tresloucada amiga Bucicleide
não dava as caras lá em casa. Como ela só aparece quando está
com algum estorvo orgânico, psíquico ou psicossomático, subentendi que o Natal e o Réveillon de
Bucicleide haviam transcorrido
na santa paz.
Qual nada. Nesta semana, sempre esbaforida, ela bateu à minha
porta para informar sobre sua
mais recente aflição: "Não sei se
você entende alguma coisa de
Freud, Barbara, mas desconfio
que ando sofrendo de inveja de
Picanço". Cuma? Inveja de Picanço, que síndrome é essa?
É aquela inveja, explicou Buci,
digo, Cleide, que a gente sente em
relação a quem abre uma vultuosa conta na Suíça. Muito engraçada a Bucicleide. Só não caí na
sua conversa porque tinha acabado de assistir na TV a uma reportagem sobre um dos auxiliares do
ex-governador Garotinho, o sr.
Lúcio Manoel dos Santos Picanço, acusado de desviar dinheiro
para uma conta em um banco
helvético.
Bucicleide pode ser meio maluquinha, mas não é tonta. Como
viu que sua brincadeira tinha ficado entalada na minha garganta, tratou logo de entrar no tipo
de assunto que me faz ficar na
ponta dos pés, gesticular e iniciar
um discurso. "E a Regina Duarte,
Barbara?", perguntou ela, em
tom de quem quer ver o circo
(aquele que ainda não fechou por
falta de recursos) pegar fogo.
Boa pergunta, dona Bucicleide:
e a Regina Duarte, que pediu audiência com a prefeita para tratar
de "assunto de interesse da cidade" e usou o tempo que lhe foi
concedido para reclamar de uma
obra que estaria atrapalhando a
vista do seu apartamento?
Tudo indica que Ms. Duarte
quer assassinar sua reputação,
construída ao longo de décadas.
Não me refiro ao episódio do medo, pois temer o desconhecido é
natural, especialmente quando se
trata de uma eleição novidadeira
em um país com uma democracia
tão recente quanto a nossa. Estou
é falando das atitudes mais recentes da atriz, como o fato de ela
não ter o menor pudor em usar
ponto eletrônico no ouvido, só para não precisar decorar suas falas
na novela. Para quem sempre posou de dona-de-casa exemplar,
essa preguiça é um contra-senso.
Na visita à prefeita, Regina cometeu um despautério maior ainda. Se ela teme o PT, como pôde
tomar o tempo da iracunda prefeita a troco de bobagem e ainda
por cima usar da prerrogativa de
ser uma pessoa pública para conseguir a audiência? Alô, Regina
Duarte! Pára com isso, que eu estou começando a ficar com medo
de você!
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