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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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BARBARA GANCIA

Agora quem dá medo é a Regina Duarte!

Fazia tempo que minha tresloucada amiga Bucicleide não dava as caras lá em casa. Como ela só aparece quando está com algum estorvo orgânico, psíquico ou psicossomático, subentendi que o Natal e o Réveillon de Bucicleide haviam transcorrido na santa paz.
Qual nada. Nesta semana, sempre esbaforida, ela bateu à minha porta para informar sobre sua mais recente aflição: "Não sei se você entende alguma coisa de Freud, Barbara, mas desconfio que ando sofrendo de inveja de Picanço". Cuma? Inveja de Picanço, que síndrome é essa?
É aquela inveja, explicou Buci, digo, Cleide, que a gente sente em relação a quem abre uma vultuosa conta na Suíça. Muito engraçada a Bucicleide. Só não caí na sua conversa porque tinha acabado de assistir na TV a uma reportagem sobre um dos auxiliares do ex-governador Garotinho, o sr. Lúcio Manoel dos Santos Picanço, acusado de desviar dinheiro para uma conta em um banco helvético.
Bucicleide pode ser meio maluquinha, mas não é tonta. Como viu que sua brincadeira tinha ficado entalada na minha garganta, tratou logo de entrar no tipo de assunto que me faz ficar na ponta dos pés, gesticular e iniciar um discurso. "E a Regina Duarte, Barbara?", perguntou ela, em tom de quem quer ver o circo (aquele que ainda não fechou por falta de recursos) pegar fogo.
Boa pergunta, dona Bucicleide: e a Regina Duarte, que pediu audiência com a prefeita para tratar de "assunto de interesse da cidade" e usou o tempo que lhe foi concedido para reclamar de uma obra que estaria atrapalhando a vista do seu apartamento?
Tudo indica que Ms. Duarte quer assassinar sua reputação,
construída ao longo de décadas. Não me refiro ao episódio do medo, pois temer o desconhecido é natural, especialmente quando se trata de uma eleição novidadeira em um país com uma democracia tão recente quanto a nossa. Estou é falando das atitudes mais recentes da atriz, como o fato de ela não ter o menor pudor em usar ponto eletrônico no ouvido, só para não precisar decorar suas falas na novela. Para quem sempre posou de dona-de-casa exemplar, essa preguiça é um contra-senso.
Na visita à prefeita, Regina cometeu um despautério maior ainda. Se ela teme o PT, como pôde tomar o tempo da iracunda prefeita a troco de bobagem e ainda por cima usar da prerrogativa de ser uma pessoa pública para conseguir a audiência? Alô, Regina Duarte! Pára com isso, que eu estou começando a ficar com medo de você!


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