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VIOLÊNCIA
Alcoolizado, rapaz alegou que não queria assaltar e sim fazer um protesto; ação durou cerca de duas horas
Desempregado mantém 15 reféns em ônibus
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE
O desempregado André de Carvalho Pereira, 25, manteve, na
manhã de ontem, 15 pessoas reféns em um ônibus no Jabaquara
(zona sul de São Paulo). Ele disse
que não queria assaltar o veículo,
mas fazer "um protesto".
Pereira entrou no ônibus da viação Paratodos, que faz a linha
5757 (Jd. Mirian-metrô Conceição), na avenida Cupecê, também
na zona sul, por volta das 7h.
O motorista Elton Pereira de
Oliveira disse à polícia que o rapaz
pagou a passagem e sentou-se no
fundo. Quando o ônibus estava
na av. Engenheiro George Corbisier, ele pulou a catraca, foi até o
motorista, mostrou o revólver e
disse que não era assalto. Queria
só chamar a atenção da polícia.
O motorista de outro ônibus
que passava pela avenida percebeu a ação, seguiu para o 35º DP
(Jabaquara) e acionou a polícia.
Investigadores e policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) cercaram a área.
Pereira foi convencido a liberar
os passageiros, mas manteve o
motorista, o cobrador Isac Vieira,
65, e o bancário B.E.F., 30, que pediu para não ser identificado, reféns. Depois, libertou os funcionários e ficou só com o bancário.
O criminoso usou a vítima como escudo enquanto andava de
um lado para o outro do ônibus,
com a arma apontada para cima.
Após a negociação, o bancário foi
libertado, e Pereira se entregou
sem fazer exigências. O sequestro
durou cerca de duas horas.
Pereira, segundo a polícia, ficou
das 22h de anteontem às 4h de ontem bebendo num bar em Santana, na zona norte. Carioca, ele
mora na Vila Campestre, na zona
sul de SP.
Segundo o delegado Luiz Antonio Pinheiro, do GOE (Grupo de
Operações Especiais), Pereira andava com R$ 50 escondidos na
meia por ter "medo de assalto".
Ele também disse à polícia que
comprou o revólver calibre 38,
com numeração raspada, porque
tinha "inimigos" onde morava.
"Acredito que ele esteja alcoolizado", disse o advogado Dimas
Gaspar, 39, contratado pela família do desempregado. Ele também
crê que seu cliente possa ter sofrido de amnésia. "No meu entender, não houve sequestro. Pode
ter tido uma amnésia ou um distúrbio no momento [do crime"."
Gaspar afirmou ainda que Pereira, antes de ficar desempregado,
trabalhava em um lava-rápido.
Pereira foi autuado no 35º DP
(Jabaquara) por sequestro, cárcere privado, constrangimento ilegal e porte ilegal de arma. Ele tinha quatro passagens pela polícia
e ficou preso quatro meses no Cadeião de Pinheiros, zona oeste,
em 97, por receptação de veículo.
Ônibus 174
O investigador Joel José Cruz
Santos, que fez as negociações,
disse que pensou na tragédia do
ônibus 174, ocorrida no Rio de Janeiro, em junho de 2000, transmitida ao vivo pela televisão.
Terminou com duas mortes: a
da refém Geísa, baleada pelo sequestrador, e a do criminoso, asfixiado pelos policiais dentro do
camburão que o levava preso. Os
policiais foram absolvidos da acusação de homicídio.
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