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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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VIOLÊNCIA

Alcoolizado, rapaz alegou que não queria assaltar e sim fazer um protesto; ação durou cerca de duas horas

Desempregado mantém 15 reféns em ônibus

DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE

O desempregado André de Carvalho Pereira, 25, manteve, na manhã de ontem, 15 pessoas reféns em um ônibus no Jabaquara (zona sul de São Paulo). Ele disse que não queria assaltar o veículo, mas fazer "um protesto".
Pereira entrou no ônibus da viação Paratodos, que faz a linha 5757 (Jd. Mirian-metrô Conceição), na avenida Cupecê, também na zona sul, por volta das 7h.
O motorista Elton Pereira de Oliveira disse à polícia que o rapaz pagou a passagem e sentou-se no fundo. Quando o ônibus estava na av. Engenheiro George Corbisier, ele pulou a catraca, foi até o motorista, mostrou o revólver e disse que não era assalto. Queria só chamar a atenção da polícia.
O motorista de outro ônibus que passava pela avenida percebeu a ação, seguiu para o 35º DP (Jabaquara) e acionou a polícia. Investigadores e policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) cercaram a área.
Pereira foi convencido a liberar os passageiros, mas manteve o motorista, o cobrador Isac Vieira, 65, e o bancário B.E.F., 30, que pediu para não ser identificado, reféns. Depois, libertou os funcionários e ficou só com o bancário.
O criminoso usou a vítima como escudo enquanto andava de um lado para o outro do ônibus, com a arma apontada para cima. Após a negociação, o bancário foi libertado, e Pereira se entregou sem fazer exigências. O sequestro durou cerca de duas horas.
Pereira, segundo a polícia, ficou das 22h de anteontem às 4h de ontem bebendo num bar em Santana, na zona norte. Carioca, ele mora na Vila Campestre, na zona sul de SP.
Segundo o delegado Luiz Antonio Pinheiro, do GOE (Grupo de Operações Especiais), Pereira andava com R$ 50 escondidos na meia por ter "medo de assalto". Ele também disse à polícia que comprou o revólver calibre 38, com numeração raspada, porque tinha "inimigos" onde morava.
"Acredito que ele esteja alcoolizado", disse o advogado Dimas Gaspar, 39, contratado pela família do desempregado. Ele também crê que seu cliente possa ter sofrido de amnésia. "No meu entender, não houve sequestro. Pode ter tido uma amnésia ou um distúrbio no momento [do crime"." Gaspar afirmou ainda que Pereira, antes de ficar desempregado, trabalhava em um lava-rápido.
Pereira foi autuado no 35º DP (Jabaquara) por sequestro, cárcere privado, constrangimento ilegal e porte ilegal de arma. Ele tinha quatro passagens pela polícia e ficou preso quatro meses no Cadeião de Pinheiros, zona oeste, em 97, por receptação de veículo.

Ônibus 174
O investigador Joel José Cruz Santos, que fez as negociações, disse que pensou na tragédia do ônibus 174, ocorrida no Rio de Janeiro, em junho de 2000, transmitida ao vivo pela televisão.
Terminou com duas mortes: a da refém Geísa, baleada pelo sequestrador, e a do criminoso, asfixiado pelos policiais dentro do camburão que o levava preso. Os policiais foram absolvidos da acusação de homicídio.


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