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CASO RICHTHOFEN
Entrevista a uma rádio motivou decisão da
Justiça; pedido de prisão de Suzane foi negado
Cravinhos voltam à prisão após 3 meses
LUÍSA BRITO
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A liberdade dos irmãos Cristian
e Daniel Cravinhos, que confessaram o assassinato do casal Manfred e Marísia Richthofen, em outubro de 2002, não durou três meses. Eles voltaram para a prisão
ontem, em uma decisão do 1º Tribunal do Júri, em decorrência de
uma entrevista polêmica à Rádio
Jovem Pan.
Os irmãos estavam soltos desde
o dia 9 de novembro de 2005,
quando o STJ (Superior Tribunal
de Justiça) decidiu que não havia
razões jurídicas suficientes para
mantê-los presos. Na semana passada, no entanto, eles concederam uma entrevista que motivou
o pedido de prisão preventiva (até
o julgamento, ainda sem data
marcada) feito pelo promotor de
Justiça Roberto Tardelli.
Segundo o promotor, os irmãos
deram detalhes novos do crime e
demonstraram orgulho em descrever os assassinatos. Entre os fatos novos, está o teste com arma
de fogo realizado antes do crime
para avaliar o barulho feito pelos
disparos -eles acabaram usando
barras de ferro para assassinar
Manfred e Marísia.
Para Tardelli, Daniel "pareceu
orgulhar-se de seu talento para
dissimular sua intenção suicida".
O promotor também pediu a prisão de Suzane Richthofen, filha
do casal e namorada de Daniel,
que também confessou participação no crime. A solicitação foi negada pela Justiça.
Ontem, Tardelli disse que não
tinha lido o teor da decisão judicial e não poderia comentar a prisão dos irmãos Cravinhos.
O delegado José Cláudio de
Freitas, do DHPP (Departamento
de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse que recebeu um telefonema do 1º Tribunal do Júri às 18h
de ontem informando que o juiz
Alberto Anderson Filho tinha assinado o mandado de prisão.
Com os mandados de prisão,
Freitas e mais cinco policiais civis
chegaram à casa dos Cravinhos,
no Campo Belo (zona sul de SP),
às 18h50. Segundo o delegado, os
irmãos estavam com os pais no
momento da prisão e toda a família chorou ao saber do fato.
Segundo os policiais, os irmãos
chegaram a perguntar se Suzane
também não seria presa. "Só nós?
E ela?", questionaram. Ainda segundo os policiais, eles comentaram que o advogado os induziu a
dar a entrevista à radio argumentando que isso ajudaria na defesa
deles na hora do julgamento.
Na entrevista, Cristian afirmou
que Suzane disse a eles que era estuprada pelo pai -fato não mencionado no pedido de prisão. Os
advogados de Suzane negam que
ela tenha sido estuprada.
"Eles se mostraram inconformados, disseram que estavam numa boa, trabalhando, sem fazer
mal a ninguém", afirmou um policial que não quis se identificar.
Cerca de duas horas após chegarem ao DHPP, Cristian e Daniel
foram levados para fazer exame
de corpo de delito. Eles saíram do
departamento algemados e não
quiseram falar com a imprensa.
Os dois vestiam camiseta, bermuda e estavam de chinelo.
Segundo o delegado, os irmãos
iriam pernoitar na carceragem do
DHPP, onde ficariam até a manhã
de hoje. Eles devem ser transferidos para um CDP (Centro de Detenção Provisória), que ainda não
foi definido.
Os advogados dos irmãos Cravinhos não foram encontrados
ontem para comentar a prisão.
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