São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 2006

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CASO RICHTHOFEN

Entrevista a uma rádio motivou decisão da Justiça; pedido de prisão de Suzane foi negado

Cravinhos voltam à prisão após 3 meses

LUÍSA BRITO
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A liberdade dos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, que confessaram o assassinato do casal Manfred e Marísia Richthofen, em outubro de 2002, não durou três meses. Eles voltaram para a prisão ontem, em uma decisão do 1º Tribunal do Júri, em decorrência de uma entrevista polêmica à Rádio Jovem Pan.
Os irmãos estavam soltos desde o dia 9 de novembro de 2005, quando o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que não havia razões jurídicas suficientes para mantê-los presos. Na semana passada, no entanto, eles concederam uma entrevista que motivou o pedido de prisão preventiva (até o julgamento, ainda sem data marcada) feito pelo promotor de Justiça Roberto Tardelli.
Segundo o promotor, os irmãos deram detalhes novos do crime e demonstraram orgulho em descrever os assassinatos. Entre os fatos novos, está o teste com arma de fogo realizado antes do crime para avaliar o barulho feito pelos disparos -eles acabaram usando barras de ferro para assassinar Manfred e Marísia.
Para Tardelli, Daniel "pareceu orgulhar-se de seu talento para dissimular sua intenção suicida". O promotor também pediu a prisão de Suzane Richthofen, filha do casal e namorada de Daniel, que também confessou participação no crime. A solicitação foi negada pela Justiça.
Ontem, Tardelli disse que não tinha lido o teor da decisão judicial e não poderia comentar a prisão dos irmãos Cravinhos.
O delegado José Cláudio de Freitas, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse que recebeu um telefonema do 1º Tribunal do Júri às 18h de ontem informando que o juiz Alberto Anderson Filho tinha assinado o mandado de prisão.
Com os mandados de prisão, Freitas e mais cinco policiais civis chegaram à casa dos Cravinhos, no Campo Belo (zona sul de SP), às 18h50. Segundo o delegado, os irmãos estavam com os pais no momento da prisão e toda a família chorou ao saber do fato.
Segundo os policiais, os irmãos chegaram a perguntar se Suzane também não seria presa. "Só nós? E ela?", questionaram. Ainda segundo os policiais, eles comentaram que o advogado os induziu a dar a entrevista à radio argumentando que isso ajudaria na defesa deles na hora do julgamento.
Na entrevista, Cristian afirmou que Suzane disse a eles que era estuprada pelo pai -fato não mencionado no pedido de prisão. Os advogados de Suzane negam que ela tenha sido estuprada.
"Eles se mostraram inconformados, disseram que estavam numa boa, trabalhando, sem fazer mal a ninguém", afirmou um policial que não quis se identificar.
Cerca de duas horas após chegarem ao DHPP, Cristian e Daniel foram levados para fazer exame de corpo de delito. Eles saíram do departamento algemados e não quiseram falar com a imprensa. Os dois vestiam camiseta, bermuda e estavam de chinelo.
Segundo o delegado, os irmãos iriam pernoitar na carceragem do DHPP, onde ficariam até a manhã de hoje. Eles devem ser transferidos para um CDP (Centro de Detenção Provisória), que ainda não foi definido.
Os advogados dos irmãos Cravinhos não foram encontrados ontem para comentar a prisão.


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