São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÁFIA DA PROPINA
A vereadora estava detida desde 21 de dezembro, em São Paulo, acusada de intimidação de testemunhas
Maria Helena diz que "foi bom" ficar presa

CHICO DE GOIS
da Reportagem Local

A vereadora de São Paulo Maria Helena Fontes (suspensa do PL) deixou ontem a carceragem do 89º DP (Portal do Morumbi), às 17h25. Ela estava detida no local desde 21 de dezembro, acusada de intimidação de testemunhas.
Em uma breve e conturbada entrevista coletiva, Maria Helena se disse injustiçada e afirmou que o tempo em que ficou na cadeia "foi bom porque foi um momento de reflexão e coisas boas".
O alvará de soltura da vereadora foi expedido pelo juiz Louri Geraldo Barbieiro e chegou às 16h30 no DP. Os advogados de Maria Helena, Paulo da Cunha Bueno Filho e André Tiba, levaram o oficial de justiça à delegacia para apressar a soltura. Mas Maria Helena só deixou a cadeia depois que seu filho Paulo Neme chegou.
Neme dirigia uma picape azul com os dizeres "Maria Helena vereadora - a força da mulher" pintado na lataria. Ao sair, Maria Helena abraçou o filho e chorou.
Com cabelos curtos cortados há 20 dias por uma colega de cela, segundo policiais, e óculos escuros, Maria Helena vestia branco "em sinal de paz", conforme disseram seus assessores.
"Entrei de cabeça erguida e estou saindo de cabeça erguida", disse a parlamentar. Ela afirmou que ainda acredita na Justiça. "Existem homens sérios na nossa Justiça." Maria Helena afirmou que foi "muito injustiçada"
Ela disse acreditar que o processo na Câmara Municipal, onde uma comissão analisa a cassação de seu mandato, "vai transcorrer com justiça". "Ninguém até agora ouviu as pessoas que me acusaram. Todos foram depor sob constrangimento."
Maria Helena não quis dizer se o Ministério Público e a polícia extrapolaram suas funções. "A Justiça vai dizer tudo."
Ela garantiu que hoje estará na Câmara às 9h para prestar depoimento à comissão. "É importante que dêem prosseguimento ao processo para que a verdade venha à tona. Achei sensacional terem instaurado essa comissão processante."
Ela disse acreditar que está sendo perseguida pois é uma vereadora "que incomoda porque sempre trabalhou". Para Maria Helena, "se fizerem justiça, a cassação não acontecerá".
A vereadora disse ainda que não pretende mudar seu comportamento. Ela é considerada por seus colegas uma pessoa agressiva. "Sou autêntica", disse.
Sobre o fato de o Ministério Público ter denunciado o presidente da Câmara, Armando Mellão (PMDB), Maria Helena afirmou que ele é um homem rico e não iria "se sujar" pegando propina de camelô. "É politicagem barata de pessoas que não têm capacidade", afirmou a vereadora.


Texto Anterior: Amazônia vai ter barco do Greenpeace
Próximo Texto: 'Acharam que atrás das grades eu seria menos perigosa'
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.