São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2000


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Vereador diz que denúncia é 'equívoco'

da Reportagem Local

O presidente da Câmara, Armando Mellão (PMDB), ocupou ontem a tribuna da casa para prestar contas aos colegas. Ele foi denunciado anteontem pelo Ministério Público por concussão (exigir vantagem para deixar de cumprir a função) e formação de quadrilha.
Mellão fez um discurso no qual pediu aos demais vereadores para "acreditarem na polícia". Ele disse que foi "pego de surpresa" com a denúncia e prefere imaginar "que se trata de um equívoco".
O vereador afirmou que a polícia fez várias diligências e ouviu diversas testemunhas no processo que investigou a cobrança de propinas na Administração Regional de São Miguel, na zona leste, cujo administrador foi indicado por ele, e "nada encontrou" contra ele. "Foi feita uma devassa em minha vida e não reclamo disso, porque é papel da polícia realizar este trabalho."
"Mas, no início deste ano, a polícia concluiu que não ficou caracterizado meu envolvimento com a máfia dos fiscais", disse o presidente da Câmara.
A máfia dos fiscais é a expressão pela qual ficou conhecida a atuação de fiscais que recolhiam dinheiro de camelôs para permitir que eles ocupassem as ruas. Esse dinheiro, segundo o Ministério Público, em muitos casos era repassado para vereadores, que indicavam os administradores.
Mellão aproveitou o discurso para fazer um apelo aos colegas. "Não peço que acreditem em mim, mas no relatório da polícia e no trabalho sério feito por aquela instituição, que concluiu que eu não tenho nada a ver com as denúncias de cobrança de propina."
Para Mellão, o fato de, segundo ele, não ter sido indiciado pela polícia, "é um atestado de idoneidade" a seu favor.
Apesar de Mellão não ter sido indiciado, o Ministério Público entendeu que os depoimentos de testemunhas eram suficientes para denunciá-lo.
Alguns vereadores procuraram Mellão logo pela manhã para ouvi-lo e também para prestar solidariedade. Ele garantiu que não teve nenhuma participação no esquema de pagamento de propinas da regional. A dúvida agora é se ele se licencia do cargo de presidente ou não.


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