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GOLPE
Suspeita é que as informações vendidas ilegalmente têm origem nas declarações de renda de contribuintes
Para polícia, dados vazaram da Receita
JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local
A Polícia Civil de São Paulo está
convicta de que a perícia do Instituto de Criminalística do material
apreendido na apuração sobre a
venda de dados vai apontar que as
informações que estavam sendo
comercializadas ilegalmente vazaram da Receita Federal, das declarações de Imposto de Renda de
contribuintes de todo o país.
A convicção sobre a origem do
banco de dados, que pode conter
informações de 17 milhões de
contribuintes, surgiu de uma checagem no CD apreendido no mês
passado com o vendedor Jefferson Festa Perez.
O vendedor foi flagrado vendendo a policiais disfarçados o
banco de dados, que ele afirmava
conter dados da Receita Federal.
Quando consultaram os dados do
CD, policiais encontraram informações que coincidem com as
declaradas no Imposto de Renda.
O banco de dados continha a
renda bruta, o CPF, o endereço
completo, a data de nascimento, o
telefone e até a atividade exercida
pelo contribuinte. A maioria das
informações é informada no
campo de dados pessoais, nos impressos das declarações de Imposto de Renda.
A checagem das informações
no CD foi feita com nomes de pessoas de São Paulo, até mesmo os
de policiais. No CD, foi encontrada a renda exata que as pessoas
declararam à Receita Federal, no
Imposto de Renda de 1996 ou de
1997, segundo a Folha apurou.
Na pesquisa, também foram
usados nomes de pessoas de outros Estados. Também foram encontrados os dados declarados à
Receita pelos contribuintes.
Como a Receita Federal informou que os convênios fechados
pelo órgão para fornecer dados
de contribuintes a empresas não
incluem informações como renda, a polícia concluiu que os dados vazaram.
O diretor do Instituto de Criminalística, Valdir Santoro, disse
ontem que a perícia do material
apreendido ainda está em andamento. Por essa razão, o instituto
não tem como confirmar se o CD
de Perez continha dados do IR.
Apesar de ter convicção sobre o
vazamento de dados, a polícia depende do laudo do instituto para
ter uma prova material contra os
suspeitos -Perez, Carlos Alberto
Rodrigues da Silva e José Adriano
Pires- e tentar descobrir como
os dados vazaram.
A suspeita é que funcionários
da Receita tenham envolvimento
no caso. Funcionários da Telefônica, de São Paulo, e da Telemar,
do Rio, também estão sob suspeita, pois Perez tinha o banco de dados das empresas.
Os três suspeitos deram depoimentos contraditórios à polícia
sobre o material apreendido e vão
ser confrontados hoje em uma
acareação.
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