São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2000


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CRIME
Patrões são acusados de forçar vítima a participar de sessões sadomasoquistas
Empregada acusa casal de abuso sexual

free-lance para a Folha

Um analista legislativo do Senado de 47 anos e sua ex-mulher, de 43, foram presos em flagrante na madrugada de ontem acusados de abusar sexualmente da empregada doméstica E.C.S., 19.
O exame de corpo de delito constatou marcas espalhadas pelo tronco e braços de E.C.S., provavelmente provocadas por chicotadas, e lacerações anais.
O analista disse à polícia que é sadomasoquista e que E.C.S participou das sessões por livre e espontânea vontade. Ele negou as demais acusações. Seu depoimento à polícia começou na tarde de ontem e não havia terminado até o fechamento desta edição.
Juntamente com o casal, a polícia apreendeu um pênis de borracha, três coleiras, correntes, algemas de couro, chicotes e um osso de borracha, além de disquetes, fitas de vídeo, fotos da vítima nua com várias marcas pelo corpo e um revólver calibre 32 carregado.
A polícia chegou até a casa dos patrões de E.C.S., localizada no Lago Sul (região nobre de Brasília), por meio de um telefonema da empregada. E.C.S. disse que trabalhava na casa havia sete meses e que havia quatro meses vinha sendo agredida pelo patrão. Segundo E.C.S., a ex-mulher do analista participou de duas sessões sadomasoquistas.
Ela disse que resolveu chamar a polícia porque ontem foi seviciada pelo analista e sua ex-mulher durante toda a madrugada.
E.C.S. disse que não denunciou o casal antes porque era constantemente ameaçada pelo funcionário do Senado. A empregada afirmou que obteve o emprego por meio de um anúncio publicado em um jornal. Segundo ela, o casal acusado vivia separado -ele morava nos fundos da casa da ex-mulher.
E.C.S. contou que, durante os três primeiros meses, manteve uma "relação normal" de namoro com o patrão. "No início eram tapinhas no rosto e no bumbum, depois foi aumentando até chegar ao insuportável", afirmou.
A delegada contou que o desejo do funcionário, segundo a empregada, era "transformar" E.C.S. em cachorro. A empregada contou à polícia que o patrão colocava coleira de cachorro nela e a obrigava a comer comida no chão.
Os acusados podem ser acusados de atentado violento ao pudor, cuja pena varia de seis a dez anos de prisão, e também por porte ilegal de armas, pena de um a dois anos de reclusão.
Os acusados não quiseram dar declarações. Seu advogado, Cláudio Reis, afirmou que também não poderia fazer nenhum comentário sobre o caso.
E.C.S. afirmou que quer mudar de cidade porque não confia na Justiça brasileira. "Só por milagre um pobre consegue alguma coisa da Justiça", disse.



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