São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 2001

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O PODER DO CRIME


Nagashi Furukawa quer que Marcola, um dos cabeças do PCC que foi transferido do Carandiru para um presídio gaúcho, fique naquele Estado


Secretário tenta manter líder no Sul

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário estadual de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, disse ontem que está negociando com o governo do Rio Grande do Sul a permanência naquele Estado do preso Wilians Herbas Camacho, 33, o Marcola, um dos principais líderes do PCC.
Marcola foi transferido do Carandiru para o Rio Grande do Sul na semana passada, mas a Justiça de Ijuí determinou que o preso já poderia voltar para São Paulo porque a situação nos presídios paulistanos estaria normalizada.
Furukawa disse que o problema pode ser contornado. "Estou conversando com o Bisol (José Paulo Bisol, secretário gaúcho de Segurança Pública) e não há nenhuma resistência contra Marcola ficar naquele Estado."
O secretário não disse, no entanto, qual a alternativa para manter o preso no Rio Grande do Sul. A única decisão é, segundo Furukawa, que Marcola será mantido no Sul até o final do Carnaval.
O secretário negou que a volta do preso traria desgaste para o governo estadual.
O coordenador da Coesp (Coordenadoria de Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo), Sérgio Ricardo Salvador, disse ontem que Marcola foi transferido por uma questão administrativa, mas não informou qual. "Se houve uma decisão de transferi-lo, é claro que a sua volta pode trazer problemas."
Bisol disse depender da Justiça para evitar o retorno de Marcola.
O governo gaúcho quer cooperar com o paulista, sob o argumento de que, ""sendo um Estado da Federação, o Rio Grande do Sul não pode deixar de ajudar no combate ao crime", segundo o superintendente da Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários), Aírton Michels.
O juiz Laércio Sulczinski, da Vara de Execuções Criminais de Ijuí, mantém a determinação de que Marcola retorne a São Paulo. O governo, porém, considera que não há, ainda, condições de segurança ideais para isso. Oficialmente, diz que isso poderá ocorrer apenas após o Carnaval.


Colaborou Léo Gerchmann, da Agência Folha, em Porto Alegre

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