São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 2001

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DIPLOMACIA

Ele é acusado de liderar grupo de narcotraficantes

Brasileiro preso na Grécia pode ser extraditado para os Estados Unidos

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O brasileiro Sérgio Murad Valadares, 38, está preso há dez meses na Grécia e pode ser extraditado para os Estados Unidos, onde é acusado de ter comandado uma quadrilha de tráfico de drogas entre 1988 e 1990.
Valadares foi preso em abril do ano passado ao desembarcar em Atenas para uma viagem de passeio de duas semanas.
A Interpol (polícia internacional) surpreendeu-o com um mandado de prisão da Justiça de Nova Orleans (sul dos EUA) expedido há cinco anos.
A Promotoria Pública acusa Valadares de fazer parte de uma quadrilha que teve pelo menos 84 integrantes condenados por distribuição de droga no leste do Estado de Louisiana.
Segundo investigação do DEA (agência antidrogas norte-americana), que fundamenta a acusação, Valadares comandava a quadrilha, que teria distribuído 500 mil comprimidos de ecstasy em Nova Orleans.
O brasileiro disse que, no período em que morou em Nova Orleans, foi apenas usuário e integrante de um grupo que comprava ecstasy para consumo próprio.
Se for extraditado para os EUA e condenado, ele poderá cumprir pena de 20 anos de prisão por um único crime. Também está sujeito a multa de US$ 1 milhão.
O advogado de Valadares, Antonio Carlos de Almeida Castro, afirmou que outros integrantes do grupo responsabilizaram o brasileiro depois que ele retornou ao país por saberem que, em território brasileiro, ele estaria livre da extradição.
Castro disse que Valadares poderá ser condenado à prisão perpétua ou até mesmo à pena de morte. A pena de 20 anos poderia ser multiplicada devido à repetição do crime. No Brasil, a pena máxima seria de dez anos.
Em outubro de 2000, autoridades gregas aprovaram o pedido norte-americano de extradição para que Valadares responda, preso em Louisiana, ao processo.
Após a decisão, a família do brasileiro obteve uma ordem de prisão de Valadares no Rio e o pedido do governo brasileiro de sua extradição para o Brasil.
O juiz de direito do Rio de Janeiro Geraldo Prado ordenou a prisão de Valadares a pedido da irmã, Cláudia Murad Valadares. Esse é um requisito para que haja o processo de extradição.
Um dos argumentos pró-retorno dele para o Brasil é que a Justiça norte-americana teria preparado uma "tocaia internacional" para prendê-lo em outro país. O procedimento seria antiético.
No último dia 14, o ministro da Justiça da Grécia chegou a autorizar a transferência de Valadares para os EUA sem o exame do pedido brasileiro, mas, em seguida, recuou e acolheu liminar pedida pelos advogados.
Na próxima terça, o governo grego determinará se submete ou não a um conselho de três juízes o pedido brasileiro de extradição de Valadares para o Brasil. Se negar, ele será transferido para os EUA.
O Itamaraty informou que instruiu a embaixada em Atenas a acompanhar o caso.
O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Francisco Rezek, membro da corte internacional de Haia, e o ministro do STF Celso de Mello disseram que a Grécia tem plena liberdade para decidir o caso de Valadares.


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