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DIPLOMACIA
Ele é acusado de liderar grupo de narcotraficantes
Brasileiro preso na Grécia pode ser extraditado para os Estados Unidos
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O brasileiro Sérgio Murad Valadares, 38, está preso há dez meses
na Grécia e pode ser extraditado
para os Estados Unidos, onde é
acusado de ter comandado uma
quadrilha de tráfico de drogas entre 1988 e 1990.
Valadares foi preso em abril do
ano passado ao desembarcar em
Atenas para uma viagem de passeio de duas semanas.
A Interpol (polícia internacional) surpreendeu-o com um
mandado de prisão da Justiça de
Nova Orleans (sul dos EUA) expedido há cinco anos.
A Promotoria Pública acusa Valadares de fazer parte de uma quadrilha que teve pelo menos 84 integrantes condenados por distribuição de droga no leste do Estado de Louisiana.
Segundo investigação do DEA
(agência antidrogas norte-americana), que fundamenta a acusação, Valadares comandava a quadrilha, que teria distribuído 500
mil comprimidos de ecstasy em
Nova Orleans.
O brasileiro disse que, no período em que morou em Nova Orleans, foi apenas usuário e integrante de um grupo que comprava ecstasy para consumo próprio.
Se for extraditado para os EUA e
condenado, ele poderá cumprir
pena de 20 anos de prisão por um
único crime. Também está sujeito
a multa de US$ 1 milhão.
O advogado de Valadares, Antonio Carlos de Almeida Castro,
afirmou que outros integrantes
do grupo responsabilizaram o
brasileiro depois que ele retornou
ao país por saberem que, em território brasileiro, ele estaria livre da
extradição.
Castro disse que Valadares poderá ser condenado à prisão perpétua ou até mesmo à pena de
morte. A pena de 20 anos poderia
ser multiplicada devido à repetição do crime. No Brasil, a pena
máxima seria de dez anos.
Em outubro de 2000, autoridades gregas aprovaram o pedido
norte-americano de extradição
para que Valadares responda,
preso em Louisiana, ao processo.
Após a decisão, a família do brasileiro obteve uma ordem de prisão de Valadares no Rio e o pedido do governo brasileiro de sua
extradição para o Brasil.
O juiz de direito do Rio de Janeiro Geraldo Prado ordenou a prisão de Valadares a pedido da irmã, Cláudia Murad Valadares.
Esse é um requisito para que haja
o processo de extradição.
Um dos argumentos pró-retorno dele para o Brasil é que a Justiça norte-americana teria preparado uma "tocaia internacional" para prendê-lo em outro país. O
procedimento seria antiético.
No último dia 14, o ministro da
Justiça da Grécia chegou a autorizar a transferência de Valadares
para os EUA sem o exame do pedido brasileiro, mas, em seguida,
recuou e acolheu liminar pedida
pelos advogados.
Na próxima terça, o governo
grego determinará se submete ou
não a um conselho de três juízes o
pedido brasileiro de extradição de
Valadares para o Brasil. Se negar,
ele será transferido para os EUA.
O Itamaraty informou que instruiu a embaixada em Atenas a
acompanhar o caso.
O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Francisco
Rezek, membro da corte internacional de Haia, e o ministro do
STF Celso de Mello disseram que
a Grécia tem plena liberdade para
decidir o caso de Valadares.
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