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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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CARNAVAL

União das Escolas de Samba Paulistanas se reúne hoje para definir possível punição ao bloco Independente
Promotor quer proibir torcidas de desfilar

DA REPORTAGEM LOCAL

DO "AGORA"

Os confrontos provocados pela Tricolor Independente podem colocar em risco a presença das torcidas organizadas no Carnaval. Hoje, a União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) vai decidir, em assembléia, qual será a punição dada à Independente e as possíveis restrições aos blocos originados de torcidas de futebol.
De acordo com a assessoria da Uesp, o Tricolor Independente vai continuar na competição, mas, após a apuração, no dia 6 de março, as restrições decididas pela união poderão ser aplicadas.
O Ministério Público também pretende entrar na polêmica. O promotor Fernando Capez, que investiga as torcidas organizadas de São Paulo, quer se reunir nesta semana com membros da Liga das Escolas de Samba e da prefeitura para discutir o término desses blocos e escolas.
"Não sei ainda se tenho tempo hábil, mas pretendo elaborar uma liminar pedindo o fim das escolas e blocos carnavalescos que tenham ligação direta com times de futebol", afirmou Capez.
Caso o Ministério Público concretize suas intenções, a escola de samba Gaviões da Fiel, vencedora do último Carnaval e uma das maiores da capital, pode acabar. Para Capez, o Rio de Janeiro deve ser visto como exemplo. Apesar de a cidade ter quatro grandes clubes de futebol, nenhuma das escolas da elite do Carnaval têm vínculo com as torcidas deles.

PCC e CV
De acordo com Capez, há indícios de que integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e até da facção criminosa fluminense CV (Comando Vermelho) estejam envolvidos com as torcidas organizadas de São Paulo.
"São quadrilhas que atuam nas torcidas. Existem assaltantes, sequestradores, traficantes, assassinos. Enfim, todo tipo de bandido está infiltrado", disse o promotor.
O presidente da torcida santista Sangue Jovem, Ricardo Przygoda, 29, foi preso na última terça-feira sob acusação de tráfico. Para a polícia, Przygoda distribuía drogas na Baixada Santista, era ligado ao PCC e utilizava uma conta bancária da torcida para movimentar o dinheiro sujo.
As restrições aos blocos e escolas ligadas às torcidas causam polêmica entre os carnavalescos.
Na opinião de Sidney Carrioulo, presidente da Águia de Ouro, a violência das torcidas já era prevista. "A Águia de Ouro não desfila no mesmo dia que duas ou mais escolas provenientes de torcidas de futebol", afirmou.
O presidente da Águia de Ouro ressalta que o estatuto da liga paulista prevê essa distinção, criando um dia a mais de apresentações para que essas escolas desfilem, caso haja duas ou mais programadas em um mesmo grupo.
Para Luís Moraes, o Dentinho, ex-presidente e atual conselheiro da Gaviões da Fiel, "não são as torcidas que vão levar violência para o Carnaval".
Dentinho defende a aplicação de punições severas contra os atos violentos praticados por integrantes da torcida, como uma forma de inibir possíveis agressões.
"São grupos que têm uma convivência difícil, além de um antecedente de confrontos. A organização dos eventos precisa aumentar a segurança e evitar ao máximo o contato entre eles", afirma o conselheiro da Gaviões da Fiel.

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