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Alunos sofrem queimaduras em trote no interior de SP
Calouros da Unifeb, em Barretos, foram atingidos no rosto por líquido corrosivo
Produto, num frasco de desodorante, começou a ser espirrado em ônibus; reitor afirma que universidade
vai investigar o caso
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Sete calouros da Unifeb
(Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos) sofreram queimaduras no
rosto e no corpo após serem
atingidos por um líquido, supostamente creolina, durante
trote em Barretos (423 km de
SP), na noite de anteontem.
Eles foram atendidos na Santa Casa e liberados. O hospital
não informou o grau das queimaduras nem se há risco de
marcas permanentes.
O produto, que estava em um
vidro de desodorante, começou
a ser espirrado dentro do ônibus que trazia os calouros de
Jaborandi, cidade vizinha, e
continuou a ser jogado nos estudantes na chegada à Unifeb.
"[Na hora] Queimou, ardeu",
contou a estudante de matemática Carla Fernanda Miguel, 18,
que teve queimaduras no rosto,
no pescoço e nas pernas.
Também atingido, o calouro
Ronier Jorge Ferreira da Silva,
30, do curso de engenharia civil, disse ter ouvido de um dos
agressores a frase: "Vamos
queimar o "bixo" [calouro]".
O estudante, que ficou ferido
no rosto e na barriga, registrou
boletim de ocorrência. "Se fosse só uma brincadeira, não teríamos motivo para chegar à
delegacia", disse.
Um dos envolvidos no trote,
Jonathan Kavamoto, 20, afirmou que desconhecia o conteúdo do frasco. "Para mim, era
perfume", disse. O estudante
disse ainda que pegou o recipiente dentro do ônibus, mas
não sabia a sua procedência.
O autor da mistura foi identificado pelas vítimas apenas como Felipe -a reportagem não o
localizou. Segundo outro calouro atingido, Felipe foi a sua casa
pedir desculpas pelo ocorrido e
disse que preparou a mistura,
com creolina, e deu o frasco a
outros no ônibus.
O delegado do 2º DP de Barretos, Celso Spadacio, afirmou
que as vítimas que deram queixa vão passar por exame para
identificar o grau da lesão.
O reitor da Unifeb, Álvaro
Fernandes Gomes, disse que
pediu informações sobre os envolvidos e que uma comissão
interna vai apurar o caso. O regulamento da Unifeb proíbe
trote, e os envolvidos podem
ser advertidos e até expulsos da
instituição, segundo ele.
Creolina
Os estudantes que chegaram
à recepção da Unifeb tiveram
de procurar ajuda médica porque a queimadura ardia muito,
segundo Silva. Eles foram encaminhados ao hospital por funcionários da faculdade.
A creolina, usada como desinfetante industrial, é composta por diversas substâncias
tóxicas e altamente corrosivas.
Em 2006, outro trote universitário envolvendo uso de produtos químicos ocorreu na região. O então calouro de administração da Unifran (Universidade de Franca) Tiago Careta
teve cabeça, pescoço e dedos
queimados por permanganato
de potássio, lançado por outro
estudante no primeiro dia de
aula, em frente à instituição,
que proíbe trotes desde 1999.
O estudante chegou a ser internado depois que o ardor piorou durante o contato com a
água, no banho.
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