São Paulo, quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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Alunos sofrem queimaduras em trote no interior de SP

Calouros da Unifeb, em Barretos, foram atingidos no rosto por líquido corrosivo

Produto, num frasco de desodorante, começou a ser espirrado em ônibus; reitor afirma que universidade vai investigar o caso

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Sete calouros da Unifeb (Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos) sofreram queimaduras no rosto e no corpo após serem atingidos por um líquido, supostamente creolina, durante trote em Barretos (423 km de SP), na noite de anteontem.
Eles foram atendidos na Santa Casa e liberados. O hospital não informou o grau das queimaduras nem se há risco de marcas permanentes.
O produto, que estava em um vidro de desodorante, começou a ser espirrado dentro do ônibus que trazia os calouros de Jaborandi, cidade vizinha, e continuou a ser jogado nos estudantes na chegada à Unifeb.
"[Na hora] Queimou, ardeu", contou a estudante de matemática Carla Fernanda Miguel, 18, que teve queimaduras no rosto, no pescoço e nas pernas.
Também atingido, o calouro Ronier Jorge Ferreira da Silva, 30, do curso de engenharia civil, disse ter ouvido de um dos agressores a frase: "Vamos queimar o "bixo" [calouro]".
O estudante, que ficou ferido no rosto e na barriga, registrou boletim de ocorrência. "Se fosse só uma brincadeira, não teríamos motivo para chegar à delegacia", disse.
Um dos envolvidos no trote, Jonathan Kavamoto, 20, afirmou que desconhecia o conteúdo do frasco. "Para mim, era perfume", disse. O estudante disse ainda que pegou o recipiente dentro do ônibus, mas não sabia a sua procedência.
O autor da mistura foi identificado pelas vítimas apenas como Felipe -a reportagem não o localizou. Segundo outro calouro atingido, Felipe foi a sua casa pedir desculpas pelo ocorrido e disse que preparou a mistura, com creolina, e deu o frasco a outros no ônibus.
O delegado do 2º DP de Barretos, Celso Spadacio, afirmou que as vítimas que deram queixa vão passar por exame para identificar o grau da lesão.
O reitor da Unifeb, Álvaro Fernandes Gomes, disse que pediu informações sobre os envolvidos e que uma comissão interna vai apurar o caso. O regulamento da Unifeb proíbe trote, e os envolvidos podem ser advertidos e até expulsos da instituição, segundo ele.

Creolina
Os estudantes que chegaram à recepção da Unifeb tiveram de procurar ajuda médica porque a queimadura ardia muito, segundo Silva. Eles foram encaminhados ao hospital por funcionários da faculdade.
A creolina, usada como desinfetante industrial, é composta por diversas substâncias tóxicas e altamente corrosivas.
Em 2006, outro trote universitário envolvendo uso de produtos químicos ocorreu na região. O então calouro de administração da Unifran (Universidade de Franca) Tiago Careta teve cabeça, pescoço e dedos queimados por permanganato de potássio, lançado por outro estudante no primeiro dia de aula, em frente à instituição, que proíbe trotes desde 1999.
O estudante chegou a ser internado depois que o ardor piorou durante o contato com a água, no banho.


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