São Paulo, quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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Escola com desabrigados fica sem aulas

1.200 alunos ainda não retomaram os estudos devido às 17 pessoas instaladas em Emef no Jardim Pantanal

DO "AGORA"

Cerca de 1.200 estudantes de uma escola municipal na zona leste de SP estão sem aulas devido à presença de 17 vítimas das enchentes na região do Jardim Pantanal, que estão instaladas na unidade. As aulas na rede voltaram no dia 8.
O impasse na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Flávio Augusto Rosa, no Jardim Helena, levou o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, a afirmar ontem no Twitter que estuda decretar recesso no colégio. Caso isso ocorra, a reposição de aulas pode ser nas férias.
Os desabrigados dizem que foram levados para o local pela Defesa Civil e que não têm para onde ir. Algumas das famílias instaladas no colégio estão ali desde a primeira enchente no Jardim Helena, em dezembro. Entre essas pessoas, há hoje quatro crianças e três adolescentes menores de 18 anos.
O colégio chegou, segundo os desabrigados, a ter 53 vítimas das cheias. Aos poucos, as famílias foram saindo. Algumas aceitaram a bolsa-aluguel oferecida pela prefeitura, enquanto outras foram para um conjunto habitacional em Itaquaquecetuba (Grande SP).
"Mas nós não aceitamos nenhuma das duas coisas", diz Lucio Teixeira Rego, 35, um dos instalados na escola. "Não vamos deixar a capital e, com a bolsa-aluguel, além de termos dificuldade para locar as casas, não temos nenhuma garantia de que daqui a seis meses o governo continue nos ajudando. Fora essas opções, a prefeitura não nos ofereceu nada", afirma.
Segundo a prefeitura, os desabrigados rejeitaram todas as ofertas para a desocupação da escola. Em nota, disse que "assistentes sociais da Secretaria Municipal da Habitação continuam negociando com as famílias a desocupação imediata".
A situação incomoda quem estuda ou tem filhos na Emef. "Eu não tenho com quem deixar minhas duas filhas", diz a faxineira Andréia dos Santos, 34, mãe de Katrin, 7, e Taiene, 6. "Pago uma vizinha para olhá-las enquanto trabalho, mas isso pesa no orçamento."
Ontem, Andréia foi até a porta da escola perguntar quando as aulas recomeçavam. "Estamos rezando para que seja em breve", respondeu uma funcionária, que ainda complementou: "E amanhã [hoje] tem reunião, quem estiver indignado é bom vir".


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