São Paulo, terça, 24 de fevereiro de 1998

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Chico e Mangueira levantam a avenida e fazem o público gritar "é campeão'

Rosane Marinho/Folha Imagem
Ao lado do sambista Carlos Cachaça (sentado), Chico Buarque (dir.) desfila em carro da Mangueira, que o homenageou este ano


FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio


Tema do samba-enredo da Mangueira, Chico Buarque levantou a Marquês de Sapucaí no desfile de ontem à noite. Ele e a escola atravessaram a avenida ovacionados e saíram aos gritos de "é campeão, é campeão".
Pela primeira vez no Carnaval de 98, o público da arquibancada se levantou, e a Mangueira saiu da Sapucaí como uma das favoritas ao título. Com o enredo "Chico Buarque da Mangueira", a mais popular escola de samba carioca marcou uma virada no Carnaval, até então sem provocar maiores entusiasmos no Sambódromo.
Chico desfilou no alto do último carro, acompanhado por integrantes da velha-guarda da escola, como os compositores Carlos Cachaça e Nélson Sargento, dona Zica e dona Neuma. O carro lembrava os 70 anos da Mangueira.
Chico acenava o tempo todo com o chapéu e distribuía sorrisos, enquanto cantarolava o samba da escola e dançava discretamente. "É maravilhoso ser enredo em vez de ser compositor", disse.
Chico abriu o desfile da Mangueira às 21h18 cantando o primeiro verso de um de seus sambas mais famosos: "Vai passar nessa avenida um samba popular..."
Em seguida, o cantor Jamelão, puxador do samba-enredo, cantou a tradicional música do aquecimento: "Mangueira, teu cenário é uma beleza..."
Chico assistiu a parte do desfile nos camarotes da RioTur, sempre acenando e sorrindo para os conhecidos que passavam.
Ao subir no carro alegórico, cumprimentou um a um os integrantes da velha-guarda e beijou a mão de Carlos Cachaça. Aos 95 anos, o compositor desfilou sentado numa cadeira de rodas.
Chico chegou à concentração da Mangueira às 20h45, vestindo terno cor-de-rosa, camisa verde e chapéu com uma fita verde. Cercado por componentes, disse, sorrindo: "Gente, assim vocês vão amassar o meu terno".
Todo o desfile foi marcado por um forte aparato de segurança. O carro em que Chico desfilou saiu cercado por um cordão de isolamento de seguranças da RioTur. Fotógrafos foram agredidos.
Apesar de ter anunciado que controlaria o número de componentes, a Mangueira saiu muito grande, com alas coladas, o que poderá prejudicar sua pontuação. Seu criticado samba -de autoria de compositores paulistas-, porém, mostrou força na avenida.
As três filhas de Chico Buarque, Sílvia, Helena e Luísa, foram com ele para o Sambódromo. Elas sairiam na ala dos "Malandrinhos".



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