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Bonecos gigantes são a
atração nas ruas de Olinda
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
Há quatro
dias, personagens com mais
de três metros
de altura sobem
e descem as ladeiras de Olinda, balançando seus braços para
todos os lados ao som do frevo.
São os bonecos gigantes, foliões
de isopor e fibra de vidro tradicionais na cidade, que têm como missão conduzir a multidão atrás dos
blocos.
A passagem dos personagens é
saudada pelos foliões. Os aplausos
são retribuídos com evoluções e
reverências. É um espetáculo que
há seis anos tem seu auge na terça-feira de Carnaval, dia do encontro dos bonecos gigantes.
O evento, este ano, promete ser
o maior já realizado, segundo o
organizador da festa, o artista
plástico Sílvio Botelho, 40. "Vamos reunir cem deles nas ruas."
Segundo o artista, criador de 350
dessas tradicionais figuras do Carnaval pernambucano, o desfile vai
começar na Vila da Cohab e terá
seu ponto alto na rua São Bento,
principal foco de folia da cidade.
Dez novos bonecos foram confeccionados por Botelho este ano.
Todas as figuras representam personagens conhecidos, mas não necessariamente de Pernambuco. Há
bonecos de John Travolta e do
monstro do lago Ness.
Os de Chico Science e do Chupa-Cabras, que deveriam desfilar
este ano, não vão sair às ruas porque as encomendas foram canceladas, segundo Botelho.
De acordo com o livro "Os Gigantes Foliões em Pernambuco",
do pesquisador Olímpio Bonald
Neto, os bonecos surgiram na Europa, possivelmente na Idade Média.
Naquela época, diz o livro, os
personagens desfilavam acompanhando procissões, cortejos populares ou comemorações locais.
Zé Pereira
Em Pernambuco, o primeiro boneco gigante surgiu em Belém do
São Francisco, no sertão do Estado, em 1919. Foi batizado de Zé Pereira, figura típica do Carnaval.
Em Olinda, o primeiro boneco
gigante foi o Homem da
Meia-Noite, criado em 1932 pelos
irmãos Benedito e Sebastião Bernardino da Silva, dissidentes da
troça carnavalesca mista Cariri. O
nome do personagem fazia alusão
a um seriado de cinema de mesmo
nome.
Os primeiros bonecos, de acordo com o artista plástico, pesavam
cerca de 50 quilos e tinham estrutura de madeira e papel. Hoje, feitos de fibra e isopor, pesam cerca
de 15 quilos.
Para confeccionar um personagem, Botelho utiliza 14 metros de
tecido e precisa de uma semana de
trabalho. Cada peça custa entre R$
1.000 e R$ 5.000, dependendo do
material usado.
Só um homem, conhecido por
chapeado, é responsável pela condução do boneco. A estrutura interna garante a movimentação do
personagem e o equilíbrio do conjunto.
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