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Tropicalistas derrubam
axé music em Salvador
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
A participação dos tropicalistas
Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal
Costa no Carnaval baiano quebrou este ano a hegemonia dos ritmos tocados pelos trios elétricos
em Salvador.
Depois de quase dez anos de soberania, a axé music divide espaço
com o repertório tropicalista, clássicos, pagode, música sertaneja,
romântica e ritmos indigenistas.
Em frente ao palanque oficial do
Campo Grande (centro) -mais
tradicional circuito carnavalesco
da festa baiana-, quase todos os
puxadores de trio interrompem o
ritmo alucinante da axé music para tocar uma canção em homenagem aos tropicalistas.
A música "Alegria, Alegria"
-composta por Caetano Veloso
há 30 anos- tem sido uma das
mais tocadas neste Carnaval. "O
tropicalismo é a raiz de tudo o que
se vê hoje no Carnaval de Salvador", disse a cantora Baby do Brasil, primeira mulher a cantar em
cima de um trio elétrico, em 1972.
Segundo Baby do Brasil, foi a
composição "Atrás do Trio Elétrico" (Caetano Veloso), composta
nos anos 60, que revelou ao país a
dimensão do Carnaval baiano.
Além do repertório tropicalista,
músicas compostas há mais de 50
anos também estão arrastando foliões nas ruas e avenidas da cidade.
Anteontem à noite, no circuito
Barra/Ondina (orla), a cantora
Margareth Menezes interpretou
por quase uma hora um repertório
totalmente alheio à axé music.
Ao cantar "Carinhoso" (Pixinguinha e João de Barro), a cantora
levou casais vestidos de abadás a
interromper as coreografias sensuais do Carnaval baiano para
dançar abraçados.
Ao lado da cantora Cássia Eller,
que subiu ao trio elétrico a convite
da interprete baiana, Margareth
Menezes também interpretou
"Lanterna dos Afogados" (Herbert Viana), "Brasil" (Cazuza) e
"Sina" (Djavan).
Até mesmo a rainha da axé music, Daniela Mercury, inovou este
ano o seu repertório de 130 músicas/dia. Nas três vezes em que já se
apresentou, Daniela cantou frevos, antigas marchinhas, reggae e
músicas do atual repertório de
Caetano, como "Me Deixa".
"Não existe festa mais democrática no mundo do que o Carnaval
baiano. Durante quase uma semana, grandes estrelas da música
cantam gratuitamente", disse o
publicitário Nizan Guanaes.
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