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Laudo de 97 mostrava problemas no prédio
WILSON TOSTA
da Sucursal do Rio
Pilares rachados, paredes trincadas, infiltrações: oito meses antes
da tragédia de anteontem, esse era
o quadro do condomínio Palace
traçado pelo arquiteto Nelson de
Moraes Guimarães, em parecer
técnico que integra processo que
corre na 39ª Vara Cível.
Na ação, iniciada no ano passado, os condôminos exigem que a
Matersan Materiais de Construção
(subsidiária da Sersan) assuma e
pague os consertos necessários.
Eles acusam a empresa de não ter
respeitado o Memorial Descritivo,
que prometia materiais de boa
qualidade para a obra.
A pedido dos moradores, Guimarães examinou todo o bloco 1,
áreas comuns aos dois blocos e os
dois níveis de garagens no subsolo. Em seu parecer, de junho de 97,
o assistente técnico não opina sobre risco de desabamento, mas
aponta o que considera falhas nos
materiais usados e nas técnicas
empregadas.
Entre as mais de cem fotos que
ilustram o documento, chamam
atenção aquelas que reproduzem
o estado de alguns pilares das garagens. Um está estufado, com rachaduras. Outros estão com as armaduras (ferragens) expostas e nitidamente corroídas.
Segundo Gregório Duarte Santos, ex-síndico, o pilar que cedeu
inicialmente no domingo (na segunda garagem, sob o bloco 2)
não aparece nas fotografias. Santos disse que, curiosamente, a pilastra que pode ter iniciado o desmoronamento não aparentava
problemas até a madrugada de anteontem, quando cedeu.
Armaduras de ferro também
aparecem expostas nas fotos de vigas e lajes da primeira garagem.
Também foram fotografadas infiltrações, como a de um reservatório, onde um vazamento claramente mancha as paredes.
O parecer também aponta trincas na sauna, infiltração no salão
de festas e umidade na sala de
musculação. Também são expostas infiltrações de água em vestíbulos, escadas, lixeira, garagens e
até no apartamento do porteiro. O
documento mostra ainda trincas
em paredes de alvenaria que, segundo o arquiteto, eram decorrentes de problemas técnicos e
descumprimento de prazos mínimos em sua construção.
Também são denunciados procedimentos inadequados e uso errado de materiais nas obras, como
no caso das placas de mármore do
revestimento externo do bloco 1,
que começaram a se soltar e ameaçavam cair (algumas foram retiradas pelos próprios moradores).
Para Guimarães, as placas estavam estufadas e se soltando por
causa do uso, para preparar o cimento, de água contaminada com
salitre, além de rejuntamento (vedação das juntas) feito "de maneira imprópria" e com falhas, o que
teria facilitado a penetração da
água.
Outro suposto caso de uso inadequado de materiais e técnicas é
apontado no revestimento de ardósia do piso do térreo. Segundo
Guimarães, a espessura das placas
era imprópria para suportar o peso de veículos.
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