São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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Polícia Civil faz demonstração de força em operação

58 mil policiais se mobilizaram por 11 horas para cumprir mandados de busca; ao menos três suspeitos foram mortos

Em uma ação inédita, policiais civis de todos os Estados do país fizeram ontem uma megaoperação para "demonstrar força"

DA AGÊNCIA FOLHA

Em uma ação inédita, policiais civis de todos os Estados do país fizeram ontem uma megaoperação com o objetivo de "demonstrar força".
Sem interferência da União, cerca de 58 mil policiais se mobilizaram por 11 horas para cumprir mandados de busca e realizar prisões. Ao menos três suspeitos foram mortos.
A megaoperação foi organizada pelo Conselho Nacional de Delegados-Gerais de Polícia Civil, com anuência dos governadores. As ações simultâneas se assemelharam às operações realizadas pela Polícia Federal que, em muitos casos, tiveram policiais estaduais como alvo.
"Para a sociedade e para o poder político reconhecerem nosso trabalho", afirmou Mário Jordão Toledo Leme, delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo e presidente do conselho nacional, a respeito dos motivos da mobilização.
"Isso é uma demonstração de força articulada. Não é para confrontar", disse Leme, ao ser questionado se a megaoperação não era uma resposta às ações da Polícia Federal.
Policiais também utilizaram a megaoperação como um ato classista, reivindicando melhores salários e condições de trabalho. Leme, por exemplo, disse que a operação tinha também o objetivo de "mostrar a nossa cara e o nosso trabalho". "Você faz um grande trabalho e o seu patrão [no caso dele o governador José Serra] vai reconhecer que você é importante". E completou, ao ser questionado se o policial ganha pouco: "acho que ele merece mais".

Balanço
Até ontem à noite, a coordenação das ações não divulgou um balanço de todas as operações pelo país. Em São Paulo, 20 mil dos 36 mil policiais civis -55,5% do efetivo- participaram das ações. Cerca de 3.000 folgas foram suspensas.
Segundo o relatório da Polícia Civil paulista, 1.675 pessoas foram detidas no Estado. Mas só 902 continuavam presas no final da noite e seriam encaminhadas para penitenciárias.
Entre os presos, houve casos de homicidas até o de pessoas presas pelo não-pagamento de pensão alimentícia. Boa parte das prisões -773- foram de crimes de menor poder ofensivo, no qual os suspeitos são liberados após assinar termos circunstanciados.
Na capital paulista, foram 315 prisões -mas só 66 continuarão presos no final da megaoperação. Dentre as principais ações em São Paulo, segundo a Secretaria de Segurança Pública, estão a prisão de uma quadrilha de ladrões de conteiners que atuava no porto de Santos (litoral paulista) -um PM foi preso.
Em uma ação na zona sul de São Paulo, policiais mataram Anderson Barros Santana, apontado como o chefe de uma quadrilha especializada em roubar laptops na região do aeroporto. Segundo a polícia, o suspeito reagiu com tiros a uma ordem de prisão.
Mais uma morte ocorreu em uma ação do Departamento de Investigações sobre Narcóticos. Policiais trocaram tiros com um acusado de pertencer a uma quadrilha de tráfico.
No interior do Estado, em Riversul (362 km de SP), também ocorreu a morte de um suspeito de ter cometido um assalto.

Outros Estados
O delegado-geral rebateu ainda as críticas de que a operação tenha sido uma ação política ou de marketing. "Em nenhum momento fizemos essa operação para confrontar ninguém. O policial precisa ter motivação, isso [esse tipo de operação], serve para isso."
No Paraná, a megaoperação foi encerrada com estardalhaço em muitas cidades. Carros de polícia com sirenes ligadas desfilaram com velocidade pelas ruas de cidades como Maringá, Londrina, Paranavaí.
Os policiais atendiam a uma portaria do delegado-geral-adjunto da Polícia Civil do Estado, Francisco José Batista da Costa, com ordem para preencher as ruas por 15 minutos e mostrar à população a força e a presença da Polícia Civil.
No texto, o delegado determinava que "às 13h, todas as viaturas deverão transitar por 15 minutos com os sinais de alerta luminosos e sonoros.


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