|
Próximo Texto | Índice
Polícia Civil faz demonstração de força em operação
58 mil policiais se mobilizaram por 11 horas para cumprir
mandados de busca; ao menos três suspeitos foram mortos
Em uma ação inédita,
policiais civis de todos os
Estados do país fizeram
ontem uma megaoperação
para "demonstrar força"
DA AGÊNCIA FOLHA
Em uma ação inédita, policiais civis de todos os Estados
do país fizeram ontem uma megaoperação com o objetivo de
"demonstrar força".
Sem interferência da União,
cerca de 58 mil policiais se mobilizaram por 11 horas para
cumprir mandados de busca e
realizar prisões. Ao menos três
suspeitos foram mortos.
A megaoperação foi organizada pelo Conselho Nacional
de Delegados-Gerais de Polícia
Civil, com anuência dos governadores. As ações simultâneas
se assemelharam às operações
realizadas pela Polícia Federal
que, em muitos casos, tiveram
policiais estaduais como alvo.
"Para a sociedade e para o poder político reconhecerem nosso trabalho", afirmou Mário
Jordão Toledo Leme, delegado-geral da Polícia Civil de São
Paulo e presidente do conselho
nacional, a respeito dos motivos da mobilização.
"Isso é uma demonstração de
força articulada. Não é para
confrontar", disse Leme, ao ser
questionado se a megaoperação não era uma resposta às
ações da Polícia Federal.
Policiais também utilizaram
a megaoperação como um ato
classista, reivindicando melhores salários e condições de trabalho. Leme, por exemplo, disse que a operação tinha também o objetivo de "mostrar a
nossa cara e o nosso trabalho".
"Você faz um grande trabalho e
o seu patrão [no caso dele o governador José Serra] vai reconhecer que você é importante".
E completou, ao ser questionado se o policial ganha pouco:
"acho que ele merece mais".
Balanço
Até ontem à noite, a coordenação das ações não divulgou
um balanço de todas as operações pelo país. Em São Paulo,
20 mil dos 36 mil policiais civis
-55,5% do efetivo- participaram das ações. Cerca de 3.000
folgas foram suspensas.
Segundo o relatório da Polícia Civil paulista, 1.675 pessoas
foram detidas no Estado. Mas
só 902 continuavam presas no
final da noite e seriam encaminhadas para penitenciárias.
Entre os presos, houve casos
de homicidas até o de pessoas
presas pelo não-pagamento de
pensão alimentícia. Boa parte
das prisões -773- foram de
crimes de menor poder ofensivo, no qual os suspeitos são liberados após assinar termos
circunstanciados.
Na capital paulista, foram
315 prisões -mas só 66 continuarão presos no final da megaoperação. Dentre as principais ações em São Paulo, segundo a Secretaria de Segurança
Pública, estão a prisão de uma
quadrilha de ladrões de conteiners que atuava no porto de
Santos (litoral paulista) -um
PM foi preso.
Em uma ação na zona sul de
São Paulo, policiais mataram
Anderson Barros Santana,
apontado como o chefe de uma
quadrilha especializada em
roubar laptops na região do aeroporto. Segundo a polícia, o
suspeito reagiu com tiros a uma
ordem de prisão.
Mais uma morte ocorreu em
uma ação do Departamento de
Investigações sobre Narcóticos. Policiais trocaram tiros
com um acusado de pertencer a
uma quadrilha de tráfico.
No interior do Estado, em Riversul (362 km de SP), também
ocorreu a morte de um suspeito
de ter cometido um assalto.
Outros Estados
O delegado-geral rebateu
ainda as críticas de que a operação tenha sido uma ação política ou de marketing. "Em nenhum momento fizemos essa
operação para confrontar ninguém. O policial precisa ter motivação, isso [esse tipo de operação], serve para isso."
No Paraná, a megaoperação
foi encerrada com estardalhaço
em muitas cidades. Carros de
polícia com sirenes ligadas desfilaram com velocidade pelas
ruas de cidades como Maringá,
Londrina, Paranavaí.
Os policiais atendiam a uma
portaria do delegado-geral-adjunto da Polícia Civil do Estado,
Francisco José Batista da Costa, com ordem para preencher
as ruas por 15 minutos e mostrar à população a força e a presença da Polícia Civil.
No texto, o delegado determinava que "às 13h, todas as
viaturas deverão transitar por
15 minutos com os sinais de
alerta luminosos e sonoros.
Próximo Texto: "Ação não tem sentido", diz ex-secretário Índice
|