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"Ação não tem sentido", diz ex-secretário
Para José Vicente, ex-titular nacional da Segurança Pública, foi "indevida" a articulação das ações feita pelo Conselho Nacional de Chefes de Polícia
O delegado-geral de SP, Mário Jordão Toledo Leme, afirmou que outras megaoperações serão
feitas "num futuro breve"
DA REPORTAGEM LOCAL
O coronel reformado José
Vicente da Silva, ex-secretário
nacional da Segurança Pública,
fez críticas ontem à megaoperação conjunta das polícias.
"Operacionalmente é irracional, não tem sentido. O trabalho policial é cuidar do cotidiano e cada lugar tem a sua
realidade. Fazer um trabalho
desses em um só dia não quer
dizer absolutamente nada.
Tem que ser de segunda a segunda, 24 horas por dia. O que
vale são os resultados no final
do ano, nos 365 dias", afirmou.
Para ele, "é uma interferência indevida" a articulação de
uma ação dessas pelo Conselho
Nacional de Chefes de Polícia.
Maurício Zanoide de Moraes, do IBCCrim (Instituto
Brasileiro de Ciências Criminais), disse que pode haver aspectos positivos ou negativos
em operações desse tipo.
"Por um lado, sabemos que
parte dos crimes são interestaduais. Assim, é importante que
todos os órgãos atuem em conjunto. Mas também não se pode usar uma ação dessas só para
fazer marketing", disse ele, ressalvando que não tinha detalhes dos resultados e de como
foi a operação de ontem.
Mais ações
Um dos articuladores da megaoperação, o delegado-geral
de São Paulo, Mário Jordão Toledo Leme, afirmou que outras
ações deverão ser realizadas
"num futuro breve".
"Não posso afirmar quando
elas ocorrerão, mas ocorrerão
sim, visto que foi um sucesso a
megaoperação aqui em São
Paulo", disse ele, que assumiu a
presidência do Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil
no dia 22 de fevereiro.
"Terça-feira teremos uma
reunião em Brasília para discutir como foram as ações nos outros Estados e, a partir daí, traçar novos planos", afirmou.
Em uma entrevista para divulgar o balanço de São Paulo,
que contou com a presença do
secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, o delegado-geral disse que a prioridade no
Estado foi combater o tráfico,
seqüestros e roubos.
Marzagão disse que o grande
número de prisões realizadas
ontem, 1.675, sendo que 902
continuarão presos, dará "trabalho" à Secretaria das Administrações Penitenciárias.
Por mês, são presas, em média, mais de 7.500 pessoas ou
quase 250 prisões num só dia.
O secretário disse ainda que ele
e o governador José Serra
(PSDB) ordenaram a operação.
Participaram da ação todos
os departamentos da estrutura
da Polícia Civil. No Estado de
São Paulo, foram cerca de 980
delegados e quase 5.000 investigadores. Também estiveram
envolvidos 3.000 veículos.
O Ministério da Justiça informou, por sua assessoria de
imprensa, que não foi comunicado antecipadamente da megaoperação, mas que as polícias
dos Estados são independentes
e que a comunicação das suas
ações não é obrigatória.
O ministério diz que a Senasp
(Secretaria Nacional de Segurança Pública) -vinculada à
pasta- apóia e incentiva operações integradas.
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