São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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"Ação não tem sentido", diz ex-secretário

Para José Vicente, ex-titular nacional da Segurança Pública, foi "indevida" a articulação das ações feita pelo Conselho Nacional de Chefes de Polícia

O delegado-geral de SP, Mário Jordão Toledo Leme, afirmou que outras megaoperações serão feitas "num futuro breve"

DA REPORTAGEM LOCAL

O coronel reformado José Vicente da Silva, ex-secretário nacional da Segurança Pública, fez críticas ontem à megaoperação conjunta das polícias.
"Operacionalmente é irracional, não tem sentido. O trabalho policial é cuidar do cotidiano e cada lugar tem a sua realidade. Fazer um trabalho desses em um só dia não quer dizer absolutamente nada. Tem que ser de segunda a segunda, 24 horas por dia. O que vale são os resultados no final do ano, nos 365 dias", afirmou.
Para ele, "é uma interferência indevida" a articulação de uma ação dessas pelo Conselho Nacional de Chefes de Polícia.
Maurício Zanoide de Moraes, do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), disse que pode haver aspectos positivos ou negativos em operações desse tipo.
"Por um lado, sabemos que parte dos crimes são interestaduais. Assim, é importante que todos os órgãos atuem em conjunto. Mas também não se pode usar uma ação dessas só para fazer marketing", disse ele, ressalvando que não tinha detalhes dos resultados e de como foi a operação de ontem.

Mais ações
Um dos articuladores da megaoperação, o delegado-geral de São Paulo, Mário Jordão Toledo Leme, afirmou que outras ações deverão ser realizadas "num futuro breve".
"Não posso afirmar quando elas ocorrerão, mas ocorrerão sim, visto que foi um sucesso a megaoperação aqui em São Paulo", disse ele, que assumiu a presidência do Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil no dia 22 de fevereiro.
"Terça-feira teremos uma reunião em Brasília para discutir como foram as ações nos outros Estados e, a partir daí, traçar novos planos", afirmou.
Em uma entrevista para divulgar o balanço de São Paulo, que contou com a presença do secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, o delegado-geral disse que a prioridade no Estado foi combater o tráfico, seqüestros e roubos.
Marzagão disse que o grande número de prisões realizadas ontem, 1.675, sendo que 902 continuarão presos, dará "trabalho" à Secretaria das Administrações Penitenciárias.
Por mês, são presas, em média, mais de 7.500 pessoas ou quase 250 prisões num só dia. O secretário disse ainda que ele e o governador José Serra (PSDB) ordenaram a operação.
Participaram da ação todos os departamentos da estrutura da Polícia Civil. No Estado de São Paulo, foram cerca de 980 delegados e quase 5.000 investigadores. Também estiveram envolvidos 3.000 veículos.
O Ministério da Justiça informou, por sua assessoria de imprensa, que não foi comunicado antecipadamente da megaoperação, mas que as polícias dos Estados são independentes e que a comunicação das suas ações não é obrigatória.
O ministério diz que a Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) -vinculada à pasta- apóia e incentiva operações integradas.


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