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'Vou desmascarar o PT e o PSDB'
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
O ex-prefeito Paulo Maluf se reuniu ontem de manhã na sua casa,
em São Paulo, com oito assessores,
sendo quatro deles advogados. Foram mais de quatro horas que resultaram numa nota de sete pontos
escritos com 375 palavras a respeito da acusação de paternidade.
A acusação foi feita a delegados,
promotores e aos membros da CPI
da Câmara.
Silvio Rocha de Oliveira, ex-funcionário municipal, afirmou que
sua filha teve um relacionamento
com Maluf em 90 e que desse relacionamento nasceu uma criança.
Rocha disse também que o tesoureiro de campanha de Maluf, Calim Eid, lhe deu dinheiro para que
ele se calasse sobre essa história.
Em entrevista à Folha, depois da
divulgação da nota, Maluf disse
que não poderia fazer voluntariamente um exame de DNA, para
provar que não é o pai, porque correria o risco de ter de se submeter a
testes em várias partes do país. Ele
considera que a sua posição social
incitaria pessoas "inescrupulosas"
a inventar histórias sobre possíveis
casos de paternidade.
Segundo Maluf, seus advogados
lhe disseram o seguinte: "Dr. Paulo, o sr. não pode sair por aí se submetendo a testes de DNA em todos
os Estados. Vai aparecer coisa para
burro. Isso o sr. só pode admitir se
alguém se julgar eventualmente
prejudicado e for à Justiça".
O ex-prefeito considera a acusação um ataque do PT e do PSDB.
"Vou desmascarar o PT e o PSDB,
que desejam me atacar com isso."
A seguir, os principais trechos da
entrevista, concedida por telefone:
Folha - Na sua nota o sr. se dispõe a fazer um teste de DNA apenas se a Justiça determinar (o que
seria obrigatório). Por quê?
Paulo Maluf - Tem que ser judicial. O teste de paternidade, quando é feito, o é por diversas razões.
Inclusive de ordem material.
Se alguém se achar prejudicado,
que entre na Justiça. Na minha nota, estou tendo a coragem de dizer
isso. No fundo, estou fazendo um
convite. Faço o teste na Justiça, não
numa CPI comandada pelo José
Eduardo Cardozo (do PT, presidente da CPI). Não vou entregar
minha cabeça para esses bandidos.
- Se o sr. não tem nada a ver com
o caso, não seria mais fácil fazer o
teste já, voluntariamente?
Maluf - Eu tenho uma certa posição social. Gente inescrupulosa
pode querer se aproveitar disso financeiramente inventando histórias. Corro o risco de amanhã no
Rio de Janeiro, depois de amanhã
na Bahia, depois no Rio Grande do
Sul, você sabe como é, alguém aparecer para dizer: "Maluf esteve
aqui em campanha eleitoral para a
Presidência em 84. Eu tenho 16
anos e sou filho dele" . Então,
quem quiser, que entre na Justiça.
Folha - Ou seja, o sr. não fará o
teste de DNA voluntariamente?
Maluf - Não. Se o sujeito requerer
judicialmente, estou à disposição.
Mas não vou eu me colocar à disposição. Isso eu pesei muito. Fiz
uma reunião com várias pessoas.
Folha - O que os seus advogados
disseram a respeito?
Maluf - Eles me disseram: "Dr.
Paulo, o sr. não pode sair por aí se
submetendo a testes de DNA em
todos os Estados brasileiros. Vai
aparecer coisa para burro. Isso o
sr. só pode admitir se alguém se
julgar eventualmente prejudicado
e for à Justiça".
Se entrarem na Justiça, ótimo.
Vou desmascarar o PT e o PSDB,
que desejam me atacar com isso.
Aliás, a Promotoria já tinha um
depoimento dizendo que era tudo
mentira. É curioso que o vereador
José Eduardo Cardozo tenha pegado uma cópia desse processo sigiloso, já arquivado, e tenha reproduzido em xerox e distribuído para todo mundo. Certamente ele
obteve essas cópias por intermédio
da mulher dele, que é promotora e
trabalha no gabinete do (Luiz Antônio) Marrey (procurador de Justiça de São Paulo).
Folha - Como o sr. explica que o
sr. Silvio Rocha de Oliveira tenha
recuado e voltado atrás no recuo a
respeito da acusação contra o sr.?
Maluf - Ele disse que estava sendo
ameaçado de morte. Também disse que estava querendo se vingar
de nós porque não tinha tempo na
propaganda de TV. Primeiro ele
fez uma denúncia em agosto do
ano passado à promotoria. Depois,
voltou à promotoria em setembro
e retirou o que disse...
Folha - ... Ele está dizendo que teria recebido um pagamento de Calim Eid para retirar a acusação no
ano passado. Isso é verdade?
Maluf - Ele (Silvio) deve estar
comprado por alguém.
Folha - Mas o Calim Eid pagou ou
não pagou?
Maluf - Olha, que razão ele (Silvio) teria depois de nove anos para
fazer a denúncia? Mas ele falou,
desdisse e disse de novo. Em quem
você vai acreditar? No mínimo é
uma testemunha desqualificada.
Folha - Mas o Calim Eid fez algum
pagamento a ele?
Maluf - Se o Calim ajudou, ajudou em nome do partido. Ele (Silvio) era candidato a deputado federal do PPB. Todos os candidatos
a deputado receberam em nome
do partido, com tudo relatado ao
TRE na prestação de contas.
Se o Calim ajudou, ajudou por finalidade política. Não foi para calar a boca dele.
Folha - Quem colocou Silvio na
Regional da Penha?
Maluf - Foi pedido do vereador
Alex Freua Neto.
Aliás, eu me pergunto o seguinte:
por que não investigam possíveis
irregularidades cometidas por ele
(Silvio) na Regional da Penha? Deveriam responder isso na CPI.
Folha - Qual era seu contato com
Silvio Rocha?
Maluf - É um cabo eleitoral da zona leste. Deve ter participado de alguns comícios. Nunca mais vi.
Folha - O sr. conhece a filha de
Silvio Rocha citada nesse caso?
Maluf - Eu, pessoalmente, fiz o
cálculo outro dia, já dei a mão a um
milhão e duzentas mil pessoas.
Folha - O sr. se recorda dela?
Maluf - Se encontrar na rua, ao
lado do pai, eu posso até reconhecer. Fora disso, eu não sei quem é.
Folha - O sr. vai divulgar mais alguma coisa a respeito desse caso?
Maluf - Estou com a consciência
tranquila. Estou divulgando fita
em que esse sujeito (Silvio) desdiz
tudo.
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