São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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Depoente acusa Maluf de paternidade

da Reportagem Local

Silvio Rocha afirma que o pepebista Paulo Maluf teve relação amorosa com sua filha Silvana, com quem o ex-prefeito teria uma filha ilegítima. A denúncia apareceu em fita de vídeo exibida publicamente quando os trabalhos da CPI da propina foram retomados, às 22h de anteontem.
Rocha é acusado de ser funcionário fantasma da prefeitura. Contratado pela Prodam, ele foi deslocado para a Regional da Penha. Segundo Tânia de Paula, assessora do vereador Vicente Viscome (ex-PPB), ele era "intocável" na regional -não recebia ordens do regional ou do vereador, que controlava a Penha e é acusado de liderar esquemas de extorsão na área.
Rocha disse que recebeu de Calim Eid, tesoureiro das campanhas políticas de Maluf, US$ 40 mil em dinheiro para que não contasse sua história à imprensa ou para opositores do ex-prefeito.
Segundo Rocha, ele teve de assinar papel em branco que seria usado para desmentir a história, caso chegasse à oposição. Ele afirmou que foi o ex-prefeito quem lhe arrumou um emprego na Prodam. A CPI obteve ofício em que o então secretário de Governo, Edevaldo Alves da Silva, indica Rocha para trabalhar na autarquia.
Oliveira disse que sua candidatura a deputado federal, em 98, foi articulada pelo ex-prefeito. "Ele me jogou candidato a deputado só para calar a minha boca."
Também afirmou que, a pedido da cúpula do PPB paulistano, coordenou invasões de terra durante o governo de Luiza Erundina para "desestabilizá-la".
A assessoria de imprensa do ex-prefeito divulgou nota anteontem afirmando que as declarações eram "falsas e mentirosas". Ontem, texto assinado pelo próprio Maluf promete "rebater de forma segura a infâmia" de Rocha e critica a CPI por considerar que desviou de suas funções.
A exibição da fita com as declarações de Rocha encerraram um dia especialmente tumultuado para as investigações da máfia da propina.
O depoimento do ex-funcionário da Prodam -Rocha deixou a empresa em fevereiro deste ano- teve início à tarde, na Câmara. Mas foi interrompido porque ele passou mal, quando o presidente da CPI, José Eduardo Martins Cardozo, lhe perguntou para que eram os US$ 40 mil que ele teria recebido de Calim Eid. Ele foi atendido no departamento médico e dispensado depois de receber um sedativo.
Em seguida, o funcionário foi levado para um outro departamento da Câmara, onde foi confrontado com cópias de cheques que teria recebido para nada falar sobre suposta relação com Paulo Maluf.
Depois, foi levado até sua casa pelos delegados Romeu Tuma Jr. e Naief Saad Neto. Lá, os policiais apreenderam a fita de vídeo e duas sacolas com documentos.



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