São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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Relator da CPI nega uso político de sessão

da Reportagem Local

O relator da CPI da propina, vereador Milton Leite (PMDB), descarta a possibilidade de a sessão de anteontem da comissão ter sido usada politicamente para envolver o nome do ex-prefeito Paulo Maluf. Leite é da base que apóia o governo de Celso Pitta (PPB).
Na sessão, durante o depoimento de Silvio Rocha de Oliveira, foi revelado que Maluf teria uma filha ilegítima, cujo avô seria Rocha.
O ex-prefeito também foi apontado como responsável pela contratação de Rocha na Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município) e por sua transferência para a Administração Regional da Penha.
Na regional, Rocha seria um funcionário "intocável", de acordo com depoimentos dados à CPI na semana passada.
"A CPI cumpriu seu papel. Já que o Silvio (Rocha de Oliveira) era citado como intocável, queríamos saber o motivo e se havia um esquema paralelo nas mãos dele. Se detalhes pessoais surgiram no meio, foi só coincidência", disse Leite.
De acordo com o parlamentar, antes de resolver exibir uma fita que havia sido gravada por Oliveira, os integrantes da comissão sabiam apenas que o material continha informações sobre ameaças que Rocha teria sofrido.
No depoimento de anteontem, Rocha disse ter sido ameaçado indiretamente pelo vereador Vicente Viscome (sem partido).
Os motivos das ameaças seriam disputa por espaço político e do suposto caso envolvendo Maluf.
"O depoimento também foi importante para levantar a dúvida se ele (Rocha) recebia um salário cala-boca", disse o relator.

Informações públicas
Para o presidente da Executiva Estadual do PPB, Marcelino Romano Machado, na sessão de anteontem à noite não foi divulgado nada que já não era público.
"Ninguém revelou nada. Já havia um processo sobre isso."
Para Machado, é normal uma comissão envolver fatos políticos e o depoimento de Rocha não afetou a imagem do partido ou de Maluf. "A opinião pública sabe julgar."
O vereador Wadih Mutran (PPB), que também faz parte da CPI, disse ontem que a divulgação da fita com a história de Rocha era uma estratégia do PT para usar a sessão politicamente.
Mas ele mesmo afirmou à Folha que os integrantes da comissão não sabiam o conteúdo da fita de vídeo gravada por Rocha e apreendida pela polícia.
O vereador José Eduardo Cardozo (PT), que preside a CPI, nega o uso político da comissão.
Ele disse que as decisões da comissão dependem da maioria dos cinco integrantes da CPI.
Na comissão, três vereadores são da situação.



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