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Carro foi reconhecido na TV
da Sucursal de Brasília
Adailto Ribeiro da Silva disse
que descobriu no domingo à
noite, assistindo ao ``Fantástico'', da Rede Globo, que tinha
vendido o álcool usado pelo
grupo para incendiar o índio
pataxó. ``Me revoltou. Foi uma
pilantragem, uma sacanagem'', afirmou.
Silva disse que ficou nervoso
ao reconhecer dois dos jovens
presos e o carro deles. ``Contei
para todo mundo em casa. Precisava desabafar.'' Na segunda-feira, procurou o gerente do
posto e contou o ocorrido.
``O gerente disse para eu sossegar, porque o jornal tinha dito que eles tinham usado thinner (solvente), e não álcool.''
Baiano de Santa Rita de Cássia, Silva mora na cidade-satélite de Taguatinga (25 km de
Brasília) há um ano, com quatro primos.
Segundo grau completo, técnico em contabilidade e com
curso de computação, o flamenguista Adailto Silva teme
agora retaliações de amigos dos
jovens e de seu patrão, que pode não gostar da agitação.
Na madrugada de ontem, Silva conversou com a Folha enquanto atendia os clientes.
(WF)
Folha - O sr. notou algum
comportamento estranho no
grupo?
Adailto Silva - Eles não estavam nada nervosos. O carro
não tinha música e eles não estavam agitados. Também não
bebiam nada. Até parecia que
aquela não era a primeira vez
que isso acontecia.
Folha - O sr. não estranhou o
fato de eles pedirem combustível em um vasilhame usado?
Silva - Não. Sempre tem
cliente que compra assim. É
uma coisa normal, o posto
nunca disse para não vender.
Folha - Depois de ver na TV os
jovens presos, o sr. não pensou
em procurar a polícia?
Silva -Até pensei, mas depois vi que eles estavam presos
e achei que a minha história
não ia ajudar em nada.
Folha - O sr. teme algo, agora
que sua história é pública?
Silva -Tenho medo que
amigos deles queiram se vingar. O problema não é sofrer
um atentado, é perder a vida.
Folha - O que o sr. sente por
eles, agora?
Silva -Não sei. Tem gente
que diz que tinha que acontecer o mesmo com eles: queimarem numa fogueira.
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