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Os cinco jovens jogaram álcool direto nas pernas do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos e não sobre um cobertor.
A informação, obtida ontem pela Folha, deve constar dos laudos técnicos preparados pelo IML (Instituto Médico Legal) e pelo IC (Instituto de Criminalística). Os laudos devem ser divulgados oficialmente amanhã.
Em nenhum dos dois laudos aparecerão vestígios da existência de um cobertor de material acrílico, inflamável. A peça foi citada nos depoimentos dos jovens, ao confessar o crime.
``Não havia cobertor. Eles disseram que havia cobertor para diminuir a gravidade do ato, pode ter sido um artifício'', disse ontem o delegado responsável pelo inquérito, Valmir Carvalho. ``Assim, o cobertor teria espalhado o fogo, não o álcool jogado no índio.''
Segundo o laudo do IML, o fogo que resultou em queimaduras de segundo grau e levou o índio à morte começou nas canelas e se espalhou por todo o corpo, de baixo para cima -por isso, apenas a sola dos pés e um pedaço do couro cabeludo não foram queimados.
Com base nas lesões do corpo e nos resíduos encontrados no local do crime, como pele em volta do banco, a perícia foi capaz de reproduzir, em boa parte, o momento do incêndio.
O índio estaria dormindo, encolhido, de costas para a rua, com os pés apontados para a esquerda da parada. Os jovens teriam chegado também pela esquerda e derramado pouco a pouco os dois litros de álcool sobre as pernas dele, formando poças no banco e no chão.
O laudo da criminalística não vai poder constatar, por amostragem técnica, que havia álcool nos vasilhames. A quantidade que restou foi tão pequena que não foi possível realizar o exame no espectrômetro, aparelho sensor.
A constatação será feita pelo odor do álcool combustível, reconhecido pelo perito. Pelo tempo de ignição (rapidez com que pega fogo), os peritos descartaram que os jovens tivessem usado solupan, uma espécie de limpa-vidros, como afirmaram à polícia.
Área genital
Com o cruzamento dos dois laudos, será possível afirmar que o índio, ao perceber que havia algo errado com ele, acordou e se sentou sobre a poça de álcool. Assim, a bolsa escrotal (os testículos) ficou encharcada pelo líquido, o que tornou maior o fogo sobre o resto do corpo e provocou grandes lesões na área genital.
(WILLIAM FRANÇA)

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