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Padre que sumiu com balões não concluiu curso de vôo
Instrutor diz que Adelir de Carli freqüentou apenas 10% das aulas de parapente em Curitiba
Marinha continuou as buscas pelo religioso no litoral de Santa Catarina, mas nenhuma pista foi localizada até o início da noite de ontem
Julio Cavalheiro/Agência RBS
![](../images/c2404200801.jpg) |
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Pedaços dos balões utilizados pelo padre e encontrados no mar
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAGUÁ
Desaparecido desde domingo, após levantar vôo amarrado
a mil balões de festa, em Paranaguá (PR), o padre Adelir de
Carli não conseguiu terminar
um curso de vôo iniciado em
2005. Segundo o instrutor de
vôo Márcio Lichtnow, que foi
seu professor em um curso de
parapente (espécie de pára-quedas retangular) em Curitiba, por falta de disciplina e assiduidade, o padre foi "convidado
a se retirar" da escola.
O instrutor diz que o religioso "achava que era autodidata".
"Ele não acatava orientações.
Não sabia voar e, mesmo assim,
se jogou nessa", disse o piloto,
que afirmou ter 15 anos de experiência.
No domingo, Carli decidiu
decolar mesmo com tempo
ruim. Seu plano era ficar 20 horas no ar, em direção ao interior
do Paraná, mas acabou se deslocando para o oceano.
A Marinha continuou ontem
as buscas pelo padre, no litoral
sul de Santa Catarina. Houve
incursões em alto-mar, a mais
de 50 km da costa, e em várias
ilhas. Nenhuma pista foi localizada até o início da noite.
Amigos do padre o defenderam de acusações de imperícia
e inexperiência. "Ele tinha todo
o preparo para fazer o vôo. Era
qualificado e praticante de parapente. O que aconteceu foi
uma fatalidade, como em um
acidente de trânsito", afirmou
o empresário José Carlos Bom,
pára-quedista e membro da
equipe de apoio de Carli.
O comerciante Ernesto
Klein, coordenador do projeto
de vôo do padre, disse que ele
não é inexperiente, pois praticou parapente por mais de três
anos. "Estão falando muita coisa que não é verdade."
Segundo o ex-instrutor do
religioso, Carli freqüentou apenas 10% das aulas do curso de
parapente. "Ele só fez a introdução do curso, que tem 40 horas de aulas teóricas." Se tivesse
completado o curso, diz o professor, Carli poderia ter evitado
o incidente de domingo. Saberia, por exemplo, avaliar que as
condições meteorológicas não
eram adequadas.
Ainda segundo Lichtnow, o
aparelho de GPS que o padre levava não era indicado para
vôos, mas para trilhas em solo.
"Para voar, é preciso um aparelho melhor, com mapa, informações sobre situação do solo e
velocidade de deslocamento."
Comoção
Em Paranaguá, na paróquia
de Carli, fiéis fazem jejum,
adiam compromissos familiares e promovem correntes de
oração para que o religioso seja
localizado vivo.
"Era como se ele fosse um pai
para nós", disse o aposentado
Domingos Alves Andrioli, 63.
Uma dona-de-casa de 38
anos, que pediu para não ser
identificada, afirmou que jejuava para que o padre fosse encontrado com vida.
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