São Paulo, Sábado, 24 de Abril de 1999
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Testemunha liga Garib a foragido

Evelson de Freitas/Folha Imagem
O camelô Hamurabi Pereira de Oliveira, em depoimento ontem, na CPI


da Reportagem Local

O ex-vereador e hoje deputado estadual Hanna Garib (suspenso do PPB) foi acusado ontem de ter pedido ao presidente da Associação dos Lojistas do Brás, Wehbe Dawalibi, o Jô, para evitar apreensões de produtos de camelôs.
A acusação foi feita ontem pelo camelô Hamurabi Pereira de Oliveira em depoimento à CPI que investiga a máfia da propina na Prefeitura de São Paulo.
O problema é que Jô não tem função pública e não tem poder para permitir ou proibir a fiscalização. O empresário é acusado de participar do esquema de cobrança de propina entre camelôs e comerciantes do Brás e está foragido.
Hamurabi disse que procurou Garib há pelo menos quatro anos, para reclamar que sua barraca sofria apreensões diárias dos fiscais da Administração Regional da Sé.
Como resposta, Garib teria feito um telefonema e indicado a Hamurabi que procurasse essa pessoa. "Eles falaram lá na língua deles, e o Garib me mandou para um endereço. Até então, eu nem sabia que era o Jô", disse Hamurabi.
O empresário, diz o camelô, ligou então para o dono da loja em frente à qual estava montada a barraca de Hamurabi e intermediou um contato entre o comerciante e o ambulante.
"O dono da loja me ofereceu R$ 4.000 para eu sair dali. Eu não aceitei, mas dali em diante não tive mais problemas."
A Folha não conseguiu falar ontem com Alberto Rollo, advogado de Garib, mas em fax enviado ontem à CPI o representante do deputado pediu que o depoimento de Hamurabi e de outras pessoas fossem invalidados porque já haviam sido ouvidos no dia anterior "informalmente".
Para Rollo, seus depoimentos foram preparados previamente pelos vereadores.

Camisetas
Hamurabi confirmou ainda à CPI o depoimento que deu à polícia, em que afirma ter dado R$ 100 para uma arrecadação que tinha como objetivo comprar mil camisetas para a campanha de Hanna Garib.
O dinheiro teria sido arrecadado por Bernardo Nascimento, o Piauí, que está foragido, acusado de ter sido o mandante de um atentado contra o também camelô Afonso José da Silva.
Silva é autor de diversas denúncias contra fiscais e contra o deputado Hanna Garib. Em 20 de fevereiro deste ano, Silva levou quatro tiros dentro de sua casa, mas sobreviveu.
Dois homens foram presos pelo crime, confessaram e apontaram Piauí como mandante.
Hamurabi não sabe se o dinheiro teve como destino, realmente, a campanha a deputado do então vereador. "O destino do dinheiro eu desconheço", disse Hamurabi.


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