São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2004

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MORADIA

Para coordenador do MTST, situação era injusta

Sem-teto invadem escola que já estava ocupada por outro grupo

DO "AGORA"

Apesar da precariedade em que se encontra, o edifício da escola estadual Campos Sales, na Liberdade (centro de São Paulo), foi escolhido para receber uma nova invasão do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Segundo Hamilton de Souza, coordenador do movimento, 60 famílias se instalaram no prédio ontem, somando-se a outras cinco que já estavam no local.
A invasão começou às 2h de domingo. O portão do prédio estava fechado por um pequeno cadeado, colocado pelos primeiros invasores, que foi rapidamente quebrado. Não houve resistência. "Eles agora vão se filiar ao movimento", disse Souza.
O edifício foi escolhido justamente porque já estava ocupado por invasores, segundo ele, há pelo menos oito anos. "Era injusto que poucas pessoas ficassem aqui. Não estamos violando nada, só nos juntando a eles."
Na tarde de ontem, cerca de 20 pessoas estavam espalhadas no lado de trás do edifício, que parece ser uma das poucas partes cobertas. Algumas pessoas permaneciam deitadas sobre colchões no chão, enquanto um almoço coletivo era preparado. "Uma companheira cedeu o gás e outra, o fogão", contou Souza.
No restante do prédio, muito lixo e vegetação rasteira, além de paredes escuras por causa do fogo. "As condições são precárias e o risco é iminente, mas pelo menos aqui temos água e luz", disse o coordenador. "Para quem não tem nada, isso aqui é o paraíso."
Souza, que irá morar com as famílias durante o primeiro mês da ocupação, conta que a intenção é tornar o prédio habitável. Depois de sua saída, um novo coordenador deve ser nomeado pelos moradores.
Segundo Souza, o MTST reúne, atualmente, cerca de 3.200 afiliados, 600 em invasões como a da escola Campos Sales -com a de ontem, são 11 na cidade- e 183 em locações provisórias da prefeitura. "Brigamos por moradias definitivas. Sem as invasões, não teríamos nem uma nem outra."
Até o início da noite de ontem, a Polícia Militar não tinha informações sobre a ocupação da escola. "Hoje estamos tranqüilos para não chamar a atenção", desse Souza. Segundo ele, a polícia poderia expulsá-los se soubesse da invasão em menos de 24 horas. "Depois desse período, o proprietário do prédio precisa pedir reintegração de posse", disse.
A reportagem não conseguiu falar com representantes das secretarias estaduais da Educação e da Habitação.


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