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TRANSPORTES
Segundo Estudo de Impacto Ambiental, novo terminal de aeroporto terá luz natural, água de reúso e sensor de ruído
Infraero promete Cumbica ecológico
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Infraero (Empresa Brasileira
de Infra-Estrutura Aeroportuária), estatal ligada ao Ministério
da Defesa, começou a distribuir,
na semana passada, o EIA-Rima
(Estudo de Impacto Ambiental e
Relatório de Impacto sobre o
Meio Ambiente) visando à ampliação do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Nas quase mil
páginas do calhamaço e no custo
previsto da obra, R$ 1,5 bilhão, vê-se o tamanho do problema.
Na próxima quinta-feira, o EIA-Rima será apresentado em audiência pública em Guarulhos e
sabatinado pela população, por
organizações não-governamentais e órgãos públicos ligados ao
meio ambiente. Se aprovado, serão necessários pelo menos mais
seis anos, consumidos em obras,
para que o viajante experimente
os novos confortos do aeroporto.
Pouco depois da inauguração
de Guarulhos, há quase 20 anos,
criou-se uma esdrúxula norma
que obrigava quem quisesse viajar para fora do Brasil a "emprestar" 25% do preço da passagem
para o governo. O "empréstimo
compulsório", como era chamado, somado ao cartel das empresas aéreas, que fazia decolar o preço do bilhete, fez com que, na época, as instalações do recém-inaugurado aeroporto parecessem
fruto de uma mente megalômana.
O tempo mostrou que não eram.
Se em 1985 apenas 2,3 milhões
de passageiros aterrissaram ou
decolaram de Cumbica (o nome
popular do aeroporto; o oficial é
Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro),
em 1998 esse número já alcançava
a marca dos 14,5 milhões. A capacidade atual de Guarulhos é de 15
milhões de passageiros por ano.
"O jeito é crescer", resume o superintendente regional da Infraero, Miguel Choueri, 54, responsável pela administração de Cumbica. Até o fim de 2004, algumas
obras já em curso ampliarão esse
teto para 17 milhões.
Com a construção de mais um
terminal de passageiros (será o
terceiro) e de mais uma pista,
Cumbica quase dobrará de tamanho. Poderão aterrissar ou decolar 29 milhões de passageiros/ano.
Era da descarga a vácuo
Segundo o EIA-Rima, Cumbica
se transformará em exemplo de
respeito ao meio ambiente. Esqueça-se o que acontece nos terminais 1 e 2, que têm poucas janelas e são dependentes, 24 horas
por dia, de iluminação artificial.
No terminal 3, com estruturas
metálicas recobertas por uma
"pele" envidraçada, a luz natural
será dominante.
A maior parte da água será reutilizada, como forma de evitar o
esgotamento dos lençóis freáticos, a mais de 100 metros de profundidade, de onde se captam os
recursos hídricos do aeroporto.
Nos banheiros, os assentos sanitários terão descarga a vácuo, como o que existe nas aeronaves.
A inovação ocorrerá porque é a
forma mais econômica. Enquanto uma descarga normal usa até
20 litros de água, no sistema a vácuo o consumo cai para menos de
dois litros, segundo os técnicos.
Além disso, serão instalados
sensores nas proximidades de
Cumbica, como forma de monitorar a intensidade dos ruídos
emitidos pelas turbinas dos
aviões. Uma vez constatados excessos, caberá ao Departamento
de Aviação Civil (DAC) acionar as
empresas infratoras.
No novo terminal 3, com 165
mil metros quadrados de área
construída (o equivalente a 15
campos de futebol), poderão ser
recebidos e embarcados simultaneamente passageiros de até 13
aeronaves. Um estacionamento
com capacidade para 4.500 carros, distribuídos em quatro pavimentos, funcionará ao lado.
Com o novo terminal, Cumbica
crescerá, mas ainda ficará muito
aquém dos maiores e mais importantes aeroportos do mundo.
A cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, conta com um estrutura com capacidade para 79 milhões de passageiros por ano.
Londres, com o aeroporto internacional de Heathrow, consegue
receber 63 milhões. Paris, com o
Charles de Gaulle, 48 milhões.
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