GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo anunciou ontem que vai impedir a entrada de ciclistas no Parque Ibirapuera (zona sudoeste da cidade) daqui a 40 dias. Enquanto isso, o município quer construir um "parque de bicicletas" em uma área próxima do local.
A medida foi decidida em uma reunião do prefeito Celso Pitta (PTN) com os secretários. A iniciativa faz parte de um plano de obras que Pitta quer implantar às pressas nos últimos seis meses de sua administração.
O secretário de Esportes, Fausto Camunha, disse que a proibição foi motivada pelo número de acidentes envolvendo ciclistas e pedestres no Ibirapuera.
"São cerca de 60 casos a cada final de semana", afirmou Camunha. Ele disse que, na maioria das vezes, os acidentes terminam em lesões. "Muitos têm de ser socorridos no parque."
Camunha afirmou que os ciclistas vão ganhar uma área municipal de 20 mil metros quadrados que fica no cruzamento das avenidas Ibirapuera e Indianópolis. Próximo da sede da Secretaria de Esportes, o local era destinado a competições de bicicross.
O secretário disse ontem que as obras começam na segunda-feira. Segundo ele, a Administração Regional da Vila Mariana vai fazer as ciclovias e a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente vai plantar árvores e grama.
"O custo da obra vai ser quase zero", afirmou Camunha. O "parque das bicicletas", como está sendo chamado pela prefeitura, deve estar pronto em 40 dias.
Depois desse prazo, os frequentadores serão proibidos de entrar no Ibirapuera com bicicletas. Camunha informou que a restrição deve ser estabelecida em uma portaria do município.
O secretário disse que vai ser construído um "bicicletódromo", onde as pessoas vão deixar as bicicletas para poder entrar no parque Ibirapuera.
"Sei que essa decisão é polêmica, mas estamos pensando no bem-estar dos pedestres e dos ciclistas", afirmou Camunha. Ele disse que o município tentava resolver o problema há algum tempo, mas que a proposta surgiu e foi aprovada rapidamente ontem pela manhã.
Em maio 1988, o então prefeito Jânio Quadros também impediu a entrada de bicicletas, skates e animais de estimação no parque Ibirapuera. Na época, a sede da prefeitura ficava no próprio parque.
A medida durou pouco tempo e foi anulada em janeiro de 1989, quando Luiza Erundina assumiu a Prefeitura de São Paulo.
Ciclistas que costumam andar no parque Ibirapuera e comerciantes que alugam bicicletas no local são contra a decisão de Pitta. O comerciante Luiz Francisco Varella Filho, 57, defende uma saída alternativa. "Podiam restringir só nos fins-de-semana", diz.
Para Evangelista Bernardo Viana, o Maizena, 40, a decisão vai atrapalhar os negócios. Há mais de 27 anos ele aluga bicicletas no parque Ibirapuera. "Quando o Jânio quis fazer isso, não deu certo", afirma Viana.
O secretário municipal do Governo, Arnaldo Faria de Sá, anunciou também que a prefeitura de São Paulo pretende fechar, a partir da 1h, os bares da periferia que registraram mais de um homicídio ou latrocínio. A medida depende de um parecer da Secretaria dos Negócios Jurídicos, que deverá ser entregue ao prefeito Celso Pitta na próxima semana.
Faria de Sá disse que na quarta-feira esteve reunido com o delegado-geral, Marco Antonio Desgualdo, e, segundo o secretário, solicitou-lhe uma relação com o endereço de todos os bares da periferia onde foram registrados mais de um homicídio.