São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007

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SAÚDE/CIRURGIA PLÁSTICA

Cresce número de garotos que querem reduzir mamas

Pesquisa americana mostra que procura aumentou 21% de 2005 para 2006

Na maioria dos casos, a ginecomastia é causada por oscilações hormonais na adolescência ou pela obesidade e regride sozinha

PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

Excesso de timidez, um caminhar curvado e a recusa absoluta em participar de qualquer programa que implique tirar a camisa em público são reações típicas de garotos que sofrem com o crescimento de mamas, ou ginecomastia.
Em 2006, 14 mil adolescentes norte-americanos, com idades entre 13 e 19 anos, passaram por cirurgias para retirada dos seios. O número representa 70% de todos os pacientes masculinos que fizeram a operação nos EUA. Houve também aumento de 21% na procura de garotos pela cirurgia em relação a 2005, segundo pesquisa da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos.
Na maioria dos casos, o desenvolvimento de mamas regride por si só. É uma anomalia provocada por oscilações hormonais típicas da adolescência ou por obesidade. O aumento no número de intervenções, porém, denota uma pressa maior para resolver, por meio da plástica, um problema que poderia desaparecer naturalmente alguns anos mais tarde.
No Brasil, não há uma estatística específica para a ginecomastia. Uma estimativa da regional paulista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP-SP) indica que 10% das cirurgias plásticas em homens são realizadas para a correção da anomalia. Pelo cálculo, cerca de 22 mil operações para ginecomastia deverão ser realizadas até o final do ano.
"No Brasil, pelo que observamos, a operação para ginecomastia é estável", diz o presidente da SBCP, Osvaldo Saldanha. Segundo ele, a cirurgia pode ser feita a partir dos 12 anos. "A solução para este problema está na plástica mesmo. Em geral, o menino chega abalado, introspectivo. Depois, a mudança é imensa, ele fica muito mais sociável."
A anomalia divide-se em três tipos: 1) ginecomastia verdadeira, caracterizada pelo desenvolvimento da glândula mamária; 2) pseudoginecomastia, causada por excesso de gordura localizada na região peitoral; 3) ginecomastia mista, quando há as duas causas. De acordo com Saldanha, 50% dos casos são de ginecomastia mista. Nesse caso, o paciente passa primeiramente por uma lipoaspiração e, depois, pela retirada da glândula mamária.

Melhor esperar
A endocrinologista da Unifesp Ieda Verreschi, especialista em fisiologia da puberdade, desaconselha a cirurgia em adolescentes. Ela diz que algum grau de ginecomastia aparece em até 40% dos garotos na puberdade. Desse contingente, cerca de 60% tem uma regressão natural do problema. A ginecomastia pode se manifestar em três fases: nos primeiros dias de vida, na adolescência e na andropausa. Nos dois primeiros casos, o problema costuma desaparecer.
"Por isso, é importante esperar até o final da puberdade antes que se pense em qualquer tipo de cirurgia. Antes dos 19 anos é inclusive contra-indicado; há o risco do mamilo ficar deformado, e a ginecomastia pode voltar", afirma Verreschi.
Para Maria Helena Fontes, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, a ginecomastia aparece como um "complicador" na afirmação do adolescente e pode trazer angústia. "Mas é bom dizer que o problema é mais comum do que se imagina."

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