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SAÚDE/CIRURGIA PLÁSTICA
Cresce número de garotos que querem reduzir mamas
Pesquisa americana mostra que procura aumentou 21% de 2005 para 2006
Na maioria dos casos, a ginecomastia é causada por oscilações hormonais na adolescência ou pela obesidade e regride sozinha
PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
Excesso de timidez, um caminhar curvado e a recusa absoluta em participar de qualquer programa que implique tirar a camisa em público são
reações típicas de garotos que
sofrem com o crescimento de
mamas, ou ginecomastia.
Em 2006, 14 mil adolescentes norte-americanos, com idades entre 13 e 19 anos, passaram por cirurgias para retirada
dos seios. O número representa
70% de todos os pacientes masculinos que fizeram a operação
nos EUA. Houve também aumento de 21% na procura de garotos pela cirurgia em relação a
2005, segundo pesquisa da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos.
Na maioria dos casos, o desenvolvimento de mamas regride por si só. É uma anomalia
provocada por oscilações hormonais típicas da adolescência
ou por obesidade. O aumento
no número de intervenções,
porém, denota uma pressa
maior para resolver, por meio
da plástica, um problema que
poderia desaparecer naturalmente alguns anos mais tarde.
No Brasil, não há uma estatística específica para a ginecomastia. Uma estimativa da regional paulista da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica
(SBCP-SP) indica que 10% das
cirurgias plásticas em homens
são realizadas para a correção
da anomalia. Pelo cálculo, cerca
de 22 mil operações para ginecomastia deverão ser realizadas até o final do ano.
"No Brasil, pelo que observamos, a operação para ginecomastia é estável", diz o presidente da SBCP, Osvaldo Saldanha. Segundo ele, a cirurgia pode ser feita a partir dos 12 anos.
"A solução para este problema
está na plástica mesmo. Em geral, o menino chega abalado, introspectivo. Depois, a mudança
é imensa, ele fica muito mais
sociável."
A anomalia divide-se em três
tipos: 1) ginecomastia verdadeira, caracterizada pelo desenvolvimento da glândula mamária; 2) pseudoginecomastia,
causada por excesso de gordura
localizada na região peitoral; 3)
ginecomastia mista, quando há
as duas causas. De acordo com
Saldanha, 50% dos casos são de
ginecomastia mista. Nesse caso, o paciente passa primeiramente por uma lipoaspiração e,
depois, pela retirada da glândula mamária.
Melhor esperar
A endocrinologista da Unifesp Ieda Verreschi, especialista em fisiologia da puberdade,
desaconselha a cirurgia em
adolescentes. Ela diz que algum
grau de ginecomastia aparece
em até 40% dos garotos na puberdade. Desse contingente,
cerca de 60% tem uma regressão natural do problema. A ginecomastia pode se manifestar
em três fases: nos primeiros
dias de vida, na adolescência e
na andropausa. Nos dois primeiros casos, o problema costuma desaparecer.
"Por isso, é importante esperar até o final da puberdade antes que se pense em qualquer
tipo de cirurgia. Antes dos 19
anos é inclusive contra-indicado; há o risco do mamilo ficar
deformado, e a ginecomastia
pode voltar", afirma Verreschi.
Para Maria Helena Fontes,
da Sociedade Brasileira de Psicanálise, a ginecomastia aparece como um "complicador" na
afirmação do adolescente e pode trazer angústia. "Mas é bom
dizer que o problema é mais comum do que se imagina."
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