São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2000


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Presos aceitam a nova alternativa

DA REPORTAGEM LOCAL

O motoboy S.A.B., 33, morador de um bairro pobre de Porto Alegre (RS), usou cocaína durante seis anos. Vendeu tudo o que tinha em casa para sustentar o vício, até mesmo a moto.
No início, era sozinho, e o vício não trazia grandes problemas. Depois, casou com D. e teve uma filha. Mas não parou de consumir cocaína e ficou mais agressivo. Em 98, ao mesmo tempo em que D. saiu de casa com medo das agressões, o motoboy foi preso com quatro gramas de cocaína. Foi condenado a trabalhar em comunidades durante dois anos.
"Mas eu queria pagar fiança, não queria ficar trabalhando. Aí ofereceram o tratamento em troca da pena. Frequento as reuniões do Narcóticos Anônimos da Cruz Vermelha e tomo um antidepressivo, receitado pelo médico que me examinou."
S. hoje trabalha como pintor, está há 11 meses sem usar drogas. A mulher voltou para casa e ele já é pai de mais uma menina.
"Minha mulher me pergunta se não tenho vontade. Mas eu não tenho. Tive força de vontade para sair dessa. Onde moro tem muito tráfico. Quando chego, os guris me chamam, mas eu vou direto para casa.
D.F.M., 17, também frequenta as reuniões do Narcóticos Anônimos da Cruz Vermelha em Porto Alegre. Em maio último, poucos dias antes de seu aniversário, D. foi flagrado com 13 gramas de maconha.
"Estava sentado num banco, brincando com um dálmata que eu tinha achado e ainda não tinha fumado. A polícia chegou apontando a arma e eu me ferrei."
Preso, passou pela delegacia, pelo Departamento de Narcóticos, quase foi parar na Febem e, finalmente, foi levado ao Instituto Médico Legal para fazer exame de urina e verificar o uso. "Deu negativo, eu ainda não tinha fumado naquele dia. Aí fiquei como traficante", disse.
D. está se submetendo ao tratamento em troca de ir para a Febem, pois é menor e não poderia ser preso. Hoje, nem cigarro ele fuma mais. "Meu pai tinha me alertado de que isso não era vida. E hoje não faço mais nada, apesar de dar vontade. Daqui a pouco sou maior de idade e aí já viu, né!", afirmou.


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