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Presos aceitam a nova alternativa
DA REPORTAGEM LOCAL
O motoboy S.A.B., 33, morador
de um bairro pobre de Porto Alegre (RS), usou cocaína durante
seis anos. Vendeu tudo o que tinha em casa para sustentar o vício, até mesmo a moto.
No início, era sozinho, e o vício
não trazia grandes problemas.
Depois, casou com D. e teve uma
filha. Mas não parou de consumir
cocaína e ficou mais agressivo.
Em 98, ao mesmo tempo em que
D. saiu de casa com medo das
agressões, o motoboy foi preso
com quatro gramas de cocaína.
Foi condenado a trabalhar em comunidades durante dois anos.
"Mas eu queria pagar fiança,
não queria ficar trabalhando. Aí
ofereceram o tratamento em troca da pena. Frequento as reuniões
do Narcóticos Anônimos da Cruz
Vermelha e tomo um antidepressivo, receitado pelo médico que
me examinou."
S. hoje trabalha como pintor, está há 11 meses sem usar drogas. A
mulher voltou para casa e ele já é
pai de mais uma menina.
"Minha mulher me pergunta se
não tenho vontade. Mas eu não
tenho. Tive força de vontade para
sair dessa. Onde moro tem muito
tráfico. Quando chego, os guris
me chamam, mas eu vou direto
para casa.
D.F.M., 17, também frequenta
as reuniões do Narcóticos Anônimos da Cruz Vermelha em Porto
Alegre. Em maio último, poucos
dias antes de seu aniversário, D.
foi flagrado com 13 gramas de
maconha.
"Estava sentado num banco,
brincando com um dálmata que
eu tinha achado e ainda não tinha
fumado. A polícia chegou apontando a arma e eu me ferrei."
Preso, passou pela delegacia,
pelo Departamento de Narcóticos, quase foi parar na Febem e, finalmente, foi levado ao Instituto
Médico Legal para fazer exame de
urina e verificar o uso. "Deu negativo, eu ainda não tinha fumado
naquele dia. Aí fiquei como traficante", disse.
D. está se submetendo ao tratamento em troca de ir para a Febem, pois é menor e não poderia
ser preso. Hoje, nem cigarro ele
fuma mais. "Meu pai tinha me
alertado de que isso não era vida.
E hoje não faço mais nada, apesar
de dar vontade. Daqui a pouco
sou maior de idade e aí já viu,
né!", afirmou.
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