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São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2003

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SAÚDE

Levantamento do município aponta que pacientes morreram neste ano enquanto aguardavam pela abertura de vagas

Falta de UTI mata 38 em Ponta Grossa

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A falta de vagas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) tem provocado morte de pacientes no Paraná. Levantamento da Secretaria da Saúde de Ponta Grossa (120 km de Curitiba) confirmou que 38 pessoas morreram neste ano enquanto aguardavam pela abertura de novas vagas.
O diretor da secretaria, Valmir de Santi, reconheceu que parte dos mortos poderia ter sobrevivido se o município, de 280 mil habitantes, não tivesse apenas 18 leitos de UTI para adultos. A defasagem é de 35 leitos.
"Uma boa parte [dos 38 pacientes] teria mais chances de sobreviver numa UTI", admitiu Santi. Ele disse que a quantidade de mortes relacionadas à falta de leitos para tratamento intensivo ainda estava sendo investigada.
Um acordo de emergência entre as secretarias municipal e estadual foi firmado para permitir a criação de dez vagas até o início de agosto e de outras 30 até o final do ano. Desde 1989, o município não aumentou o número de leitos em UTIs para adultos.
São 18 vagas para uma demanda que exigiria pelo menos 53 leitos. Dos 37 hospitais da região dos Campos Gerais, cuja cidade pólo é Ponta Grossa, apenas dois mantêm leitos especializados em terapia intensiva.
As 38 pessoas que morreram deram entrada no Hospital Municipal, que não é equipado com UTI. A instituição é responsável pelo atendimento primário de pacientes. Os casos mais complexos são encaminhados para outros hospitais. Como não havia vaga nas duas UTIs da cidade, os pacientes permaneceram internados no Municipal até morrer.
Todos os mortos, com mais de 50 anos, eram pacientes que sofreram acidente vascular cerebral e ataques cardíacos.
Em casos como esses, dependendo da gravidade, os pacientes precisam receber tratamento em UTIs.

Londrina
Em Londrina, no norte do Estado, outras três pessoas morreram, durante o final de semana, no Hospital da Zona Sul, do governo do Estado do Paraná, enquanto aguardavam abertura de vaga entre os 83 leitos de UTIs existentes na cidade.
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Londrina informou que já foi encaminhado pedido à Secretaria da Saúde do Estado para a criação de mais 20 leitos.
Em outros Estados brasileiros ocorrem casos semelhantes. No Ceará, 38 pessoas morreram neste ano num intervalo de 35 dias por falta de leitos em UTIs.
Em Mato Grosso, de acordo com levantamento do Sindicato dos Médicos do Estado, 150 pessoas também morreram por causa do problema no período que vai de outubro de 2002 a março de 2003.


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