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SAÚDE
Levantamento do município aponta que pacientes morreram neste ano enquanto aguardavam pela abertura de vagas
Falta de UTI mata 38 em Ponta Grossa
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A falta de vagas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) tem
provocado morte de pacientes no
Paraná. Levantamento da Secretaria da Saúde de Ponta Grossa
(120 km de Curitiba) confirmou
que 38 pessoas morreram neste
ano enquanto aguardavam pela
abertura de novas vagas.
O diretor da secretaria, Valmir
de Santi, reconheceu que parte
dos mortos poderia ter sobrevivido se o município, de 280 mil habitantes, não tivesse apenas 18 leitos de UTI para adultos. A defasagem é de 35 leitos.
"Uma boa parte [dos 38 pacientes] teria mais chances de sobreviver numa UTI", admitiu Santi. Ele
disse que a quantidade de mortes
relacionadas à falta de leitos para
tratamento intensivo ainda estava
sendo investigada.
Um acordo de emergência entre
as secretarias municipal e estadual foi firmado para permitir a
criação de dez vagas até o início de
agosto e de outras 30 até o final do
ano. Desde 1989, o município não
aumentou o número de leitos em
UTIs para adultos.
São 18 vagas para uma demanda
que exigiria pelo menos 53 leitos.
Dos 37 hospitais da região dos
Campos Gerais, cuja cidade pólo é
Ponta Grossa, apenas dois mantêm leitos especializados em terapia intensiva.
As 38 pessoas que morreram
deram entrada no Hospital Municipal, que não é equipado com
UTI. A instituição é responsável
pelo atendimento primário de pacientes. Os casos mais complexos
são encaminhados para outros
hospitais. Como não havia vaga
nas duas UTIs da cidade, os pacientes permaneceram internados no Municipal até morrer.
Todos os mortos, com mais de
50 anos, eram pacientes que sofreram acidente vascular cerebral
e ataques cardíacos.
Em casos como esses, dependendo da gravidade, os pacientes
precisam receber tratamento em
UTIs.
Londrina
Em Londrina, no norte do Estado, outras três pessoas morreram,
durante o final de semana, no
Hospital da Zona Sul, do governo
do Estado do Paraná, enquanto
aguardavam abertura de vaga entre os 83 leitos de UTIs existentes
na cidade.
A assessoria de imprensa da
Prefeitura de Londrina informou
que já foi encaminhado pedido à
Secretaria da Saúde do Estado para a criação de mais 20 leitos.
Em outros Estados brasileiros
ocorrem casos semelhantes. No
Ceará, 38 pessoas morreram neste
ano num intervalo de 35 dias por
falta de leitos em UTIs.
Em Mato Grosso, de acordo
com levantamento do Sindicato
dos Médicos do Estado, 150 pessoas também morreram por causa do problema no período que
vai de outubro de 2002 a março de
2003.
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