DA REPORTAGEM LOCAL

"Sem medo de voar". É o nome do livro que o comandante Henrique Stephanini Di Sacco, 53, um dos pilotos que comandavam o Airbus-320 da TAM, escrevia nas horas de folga. Com a obra, o piloto queria ajudar leigos a vencerem o medo de avião. Outro sonho de Di Sacco era voar com o filho, também piloto da TAM. "Infelizmente, não deu tempo", diz a mulher de Di Sacco, Maria Helena, 52, com a voz embargada. A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha ontem à tarde. (CLÁUDIA COLLUCCI)

FOLHA - Como estava seu marido nos dias antes do acidente?
MARIA HELENA - Ele estava muito feliz de estar na TAM porque nosso filho já trabalha na empresa e o sonho dele era voar com o filho da mesma forma que um dia ele voou com o pai. Mas, infelizmente, não deu tempo. Ele era uma pessoa superfamília, chegava dos vôos e vinha para casa.

FOLHA - A revista "Veja" trouxe uma informação de que o comandante havia sido demitido da Gol. Como foi isso?
MARIA HELENA - Não é verdade, de jeito nenhum. Foi iniciativa dele sair da empresa. Saiu de lá porque não quis ficar, mas não quero falar sobre isso.

FOLHA - Ele estava escrevendo um livro no momento?
MARIA HELENA - Sim, ele já tinha os tópicos do livro e eu quero, com a colaboração de amigos pilotos, ver se a gente consegue concluí-lo. É uma obra focada nas pessoas que têm medo de voar. Ele dizia que não precisava ter medo porque o avião é um transporte muito seguro.

FOLHA - O comandante chegou a comentar alguma coisa sobre a pista ou problemas no avião?
MARIA HELENA - Ele comentava que a pista de Congonhas "estava um sabão", mas não se estendia muito.


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