FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local

O número de chacinas na cidade de São Paulo envolvendo menores de idade este ano dobrou em relação ao mesmo período de 97.
Já foram registradas este ano seis chacinas em que pelo menos um dos mortos era menor de idade. Até julho do ano passado, apenas três chacinas envolveram jovens.
O número de adolescentes mortos em chacinas este ano (nove) também é maior que o registrado em 97 (cinco), no mesmo período.
E a violência envolvendo menores de idade não está somente nas chacinas -assassinatos nos quais pelo menos três pessoas morrem.
Reportagem publicada ontem pela Folha mostra que a principal causa de morte de adolescentes entre 10 e 14 anos, em 1997, foi o homicídio.
Dos 359 jovens dessa faixa etária que morreram no ano passado em São Paulo, 17,3% foram assassinados.
O homicídio representa um risco de morte superior ao de acidentes de trânsito ou doenças como a leucemia e a broncopneumonia.

Tráfico de drogas
Uma possível explicação para o grande número de mortes de jovens em chacinas é o acerto de contas entre os traficantes, diz o delegado Pedro Arnaldo Buk Forli, da 2ª equipe de crimes contra a criança e o adolescente do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil de São Paulo.
"O menor é utilizado cada vez mais cedo pelo tráfico de drogas. Com isso, se envolve em situações perigosas e, muitas vezes, violentas", diz Forli.
Dados do DHPP do ano passado mostram que os assassinatos de menores de idade já representam 8% do total de homicídios na capital paulista.
O grupo mais atingido pelos assassinatos é o da faixa etária de 18 a 26 anos -representando cerca de 43% do total de mortos por crimes violentos na cidade.
Nas chacinas, a maioria dos adolescentes mortos tem entre 14 e 17 anos.
Outra explicação para o crescimento do número de menores mortos em chacinas é o aumento desse tipo de crime este ano em relação ao ano passado -cerca de 154%.
Neste ano, já foram registradas 28 chacinas na cidade (com 91 mortes). No mesmo período do ano passado, ocorreram apenas 11 (com 39 mortes).
Há hoje 655 inquéritos que envolvem menores de idade em andamento no DHPP. Segundo os investigadores do departamento, a metade dos processos desses crimes é solucionada.



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