São Paulo, sexta, 24 de julho de 1998

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CRIME
Telefone de supostos assaltantes de transportadora de valores foi encontrado em ficha na loja em que eles compraram óculos
Óculos esquecidos entregam ladrões em SP

da Reportagem Local

Os óculos escuros importados esquecidos em um apartamento foram a pista usada pela polícia paulista para identificar os criminosos que sequestraram o diretor da empresa Transpev (de transporte de valores), José Carlos Serpa, e levaram R$ 3,8 milhões da sede da firma, na madrugada de 2 de julho deste ano.
A quadrilha sequestrou Serpa e sua família e os levou para uma casa abandonada, na Vila Leopoldina (zona noroeste da capital). À noite, obrigado pelos ladrões, o empresário tentou convencer os seguranças da Transpev a abrir os portões.
Dentro da firma, os criminosos mostraram aos seguranças fotografias de suas famílias e disseram que estavam todos em um cativeiro. Amedrontados, deixaram os ladrões fugir com o dinheiro, algumas armas e munição. Serpa e sua família foram libertados logo depois.
Durante as investigações, a polícia descobriu que um apartamento ao lado da casa de Serpa havia sido alugado dias antes.
Ao entrar no local, não havia móveis ou mesmo indícios de que alguém teria morado ali. Os investigadores só encontraram os óculos escuros importados, que são vendidos em apenas 46 lojas da cidade.
Pelo número de série, foi possível descobrir qual a loja que vendeu o produto. Na ficha cadastral dessa loja, o comprador forneceu o número de um telefone público comunitário, perto de uma favela na zona norte -que fez a polícia desconfiar de uma quadrilha de traficantes que age na região.

Jules Rimet
Em rondas feitas na área, quatro integrantes da quadrilha foram presos: Alexandre da Silva, Nélson Maia da Silva, Maurício Eduardo Said e Severino Ferreira da Silva. Este último é um dos acusados de ter participado, na década de 80, do roubo da taça Jules Rimet, conquistada em definitivo pela seleção brasileira de futebol em 1970. A taça, feita de ouro, foi derretida.
Um dos seguranças da Transpev, Luiz Carlos Pereira, se contradisse nos depoimentos à polícia e acabou confessando ter participado do crime. Ele também está preso na 5ª delegacia de roubo a banco da capital.
A polícia recuperou R$ 83.125 e algumas armas roubadas da Transpev, que estavam em poder dos ladrões em barracos da favela.
"Havia pacotes de droga (6 kg de cocaína) com os criminosos, o que nos leva a crer que o dinheiro do roubo seria utilizado no tráfico", diz o diretor da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio da Polícia de São Paulo, Godofredo Bittencourt Filho.
(FABIO SCHIVARTCHE)



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