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MASSACRE NO CENTRO
Primeiro decreto assinado após a posse previa limite de cem pessoas por albergue; média é de 214
Marta descumpre meta para morador de rua
FABIO SCHIVARTCHE
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A quatro meses de encerrar seu
mandato, a prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy (PT), não cumpriu
algumas das principais metas de
atendimento a moradores de rua
previstas no primeiro decreto que
assinou após assumir o cargo, no
dia 2 de janeiro de 2001.
A legislação define padrões rígidos de qualidade para a assistência aos moradores de rua. Os albergues, por exemplo, teriam de
ser reformados, oferecendo
maior privacidade aos abrigados,
com um limite de 20 pessoas por
quarto e de até 100 por unidade.
Hoje, no entanto, a média na cidade de São Paulo é de 214 pessoas por albergue. Em 12 das 36
unidades, o limite é extrapolado.
É o caso do abrigo São Francisco,
no Glicério, com 450 vagas.
A lotação dos albergues é uma
das principais críticas dos usuários, motivo pelo qual muitos preferem as ruas.
O decreto municipal 40.232 regulamenta uma lei de 1997, vetada
pelo ex-prefeito Paulo Maluf
-que hoje disputa pelo PP a prefeitura contra a própria Marta.
Na época da assinatura, recém-empossada, a prefeita disse que
haveria recursos para cumprir as
metas. "Como é uma área com a
qual me comprometi, dinheiro
para isso vai ter", afirmou.
Hoje, já no fim de seu mandato,
a situação é um pouco diferente.
Nos oito primeiros meses deste
ano, a prefeitura gastou R$ 32,6
milhões em programas para os
moradores de rua. É menos do
que os R$ 39 milhões previstos
para a publicidade da gestão Marta em 2004. Ontem, a prefeita não
comentou o assunto.
A própria secretária municipal
da Assistência Social, Aldaíza
Sposati, confirma que há unidades sem lavadoras e secadoras de
roupas,
outra meta não cumprida.
Outro ponto previsto no decreto era o serviço de moradia provisória, um dormitório totalmente
pago pela prefeitura para pessoas
que deixavam os albergues já empregadas ou com elevado grau de
autonomia, capazes de sustentar-se ao menos parcialmente.
Hoje, há 40 moradias provisórias na cidade com uma população de 448 pessoas. Número insuficiente para a demanda, dizem
entidades que cuidam dos moradores de rua.
Para o frei Lúcio Beninatti,
coordenador da ONG Cheiro de
Capim, entidade que atende a população de rua (principalmente
menores), a falta de atividades
complementares nos albergues é
um dos principais problemas.
"Não há algo que crie um vínculo. O morador pernoita e, no dia
seguinte, tem de ficar na fila de
novo para tentar uma vaga", critica ele, para quem a existência de
unidades com muitos ocupantes
"deixa as pessoas no anonimato".
Genildo Monteiro, coordenador de um albergue ligado à Associação Reciclázaro, diz que esse limite de cem pessoas nem é cogitado na unidade, que abriga 250.
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