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CARGA ILEGAL
Carregamento de 600 kg encontrado no Amapá iria para São Paulo de navio; dono do material fugiu
Polícia Federal faz a 1ª apreensão de urânio no Brasil
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal no Amapá
afirmou ontem que 600 kg de urânio e tório, minérios com potencial radiativo, foram apreendidos.
É a primeira vez que esse tipo de
carregamento clandestino é flagrado no país, segundo a polícia.
A apreensão, avaliada em R$ 1,4
milhão, foi feita no mês passado,
mas a PF divulgou o fato agora
porque esperava o resultado da
perícia no material, realizada pelo
Instituto de Radioproteção e Dosimetria, no Rio de Janeiro, e pelo
Instituto Nacional de Criminalística, de Brasília (DF).
O DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) foi o
responsável por informar a PF de
que se tratava de urânio e tório. As
jazidas desse tipo de minério são
de propriedade exclusiva da
União e, por lei, devem ser rigorosamente controladas.
O urânio e o tório estavam
acondicionados em uma camionete que foi parada por uma fiscalização de rotina da Delegacia de
Repressão aos Crimes Contra o
Meio Ambiente e Patrimônio
Histórico, entre Pedra Branca do
Amapari e Porto Grande, perto da
reserva de onde foram retirados, a
cerca de 120 km de Macapá.
No veículo, estavam o suposto
dono da carga, que fugiu para a
mata no momento da abordagem
dos agentes, e o motorista, que foi
preso. O material foi encaminhado para análise devido a suas características: escuro e denso.
Destino
"Pelas investigações, descobrimos que a carga iria para São Paulo de navio. De lá, provavelmente,
seguiria para o exterior", disse o
delegado Tardelli Cerqueira Boaventura, da PF no Amapá.
A polícia identificou o dono da
carga, que foi indiciado por crime
ambiental e crime de usurpação
de material pertencente à União
-pena de até seis anos de prisão.
Segundo as investigações, o motorista recebeu R$ 20 pelo trabalho. Ele foi liberado.
Os minérios, em textura granulada, estavam em sacos plásticos,
prontos para ser comercializados.
Técnicos da Comissão Nacional
de Energia Nuclear e do DNPM
estão indo para Macapá para ajudar nas investigações. "Acreditamos que essa não foi a primeira
vez que esse tipo de extração foi
feita no local. Era uma quantidade
muito grande de material. Não
era coisa de amador", afirmou.
A polícia diz que o local de onde
foram retirados os minérios está
sob investigação, mas não há uma
equipe o tempo todo na jazida.
Especialistas ouvidos informaram que, em princípio, o tório e o
urânio, in natura, não fazem mal à
saúde do homem nem ao ambiente. Para tornar-se radiativo (e
poder ser usado em usinas ou em
armas nucleares), os minérios teriam de passar por um complexo
processo de enriquecimento.
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