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VIOLÊNCIA
Locais são usados para venda de drogas ou como depósito de armas ou entorpecentes; maquinistas são ameaçados
Tráfico "ocupa" estações de trem no Rio
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Traficantes de drogas de favelas
do Rio de Janeiro usam estações
ferroviárias e os próprios trens
como esticas (bocas-de-fumo fora das comunidades) ou como depósito de armas e entorpecentes.
Ainda circulam armados pela linha férrea, ameaçam maquinistas
e paralisam os trens, segundo denúncias do Sindicato dos Ferroviários e informes recebidos pelas
polícias Civil e Militar.
Somente entre os meses de junho e julho, o Batalhão Ferroviário da Polícia Militar prendeu 144
pessoas no sistema, em sua grande maioria por porte de drogas.
Segundo a PM, nesse período
foram feitos flagrantes em pelo
menos sete estações no subúrbio e
Baixada Fluminense, regiões consideradas mais críticas por terem
favelas beirando a linha férrea.
Uma das estações mais problemáticas é a de Manguinhos (zona
norte), que fica entre a favela do
mesmo nome e a comunidade
Mandela. Em julho, a polícia
prendeu em flagrante um suposto
traficante em plena estação vendendo maconha.
Em fevereiro, um casal foi flagrado vendendo drogas na estação. Ao serem abordados por
PMs, os traficantes começaram a
atirar. Encurralados, os policiais
tiveram que pedir reforço. A circulação dos trens foi suspensa.
No ano passado, foram encontradas 139 trouxinhas de maconha e dois sacolés de cocaína na
casa de força da estação.
Como a venda de drogas nas
duas favelas é controlada pela
mesma facção, o CV (Comando
Vermelho), os traficantes usam a
estação para circular entre uma
comunidade e outra, armados.
Próximo dali, a estação Jacarezinho (zona norte) também sofre
com a atuação dos traficantes. De
acordo com a Polícia Civil, os vapores (rapazes que vendem a droga) ficam perto da plataforma,
com sacola, esperando pelos passageiros. A abordagem é discreta.
De acordo com os ferroviários,
outras estações onde haveria bocas-de-fumo são Parada de Lucas,
Vigário Geral, Triagem e Honório
Gurgel, todas na zona norte, e
Tancredo Neves (zona oeste).
Apesar da existência de seguranças privados nos trens, há venda e consumo de drogas no interior das composições. Ferroviários disseram que isso acontece às
quintas e sextas, após as 16h. Nessa hora, os trens estão cheios e fica
inviável uma ação da polícia.
Os traficantes embarcam na
Central do Brasil (estação terminal no centro do Rio) e ocupam o
último vagão. Para despistar, vendem cerveja e organizam pagodes. Os ramais de Japeri e Saracuruna, ambos na Baixada Fluminense, são os mais usados para esse tipo de ação.
Galpões abandonados na linha
férrea serviriam como depósitos
de armas e drogas. Há cerca de
um mês, a polícia descobriu em
um imóvel desativado nas proximidades da estação de Deodoro
(zona norte) 600 munições. Houve troca de tiros e um criminoso
acabou morto.
Ameaças
Os traficantes costumam paralisar a circulação dos trens quando
há operações policiais ou tiroteios. Eles atiram na rede elétrica e
na sinalização.
Em novembro, durante uma
guerra entre traficantes de Vigário Geral e Parada de Lucas, os
trens não puderam circular porque a rede foi danificada por tiros.
Os traficantes também ameaçam os maquinistas. Segundo o
sindicato, já houve casos no Jacarezinho e em Vigário Geral em
que criminosos pararam diante
da cabine, apontaram a arma e
mandaram parar o trem.
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