São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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"CL" oferece recompensa por delatora

DA REPORTAGEM LOCAL

O traficante Claudair Lopes de Faria, em uma das ligações gravadas pelo Denarc, oferece dinheiro para receber partes do corpo de uma ex-amante, desconfiado da traição dela. Manda cortar os dedos dela, mas não se sabe se ordem foi cumprida ou quem era essa pessoa na organização.
Nas ligações, Faria afirma estar envolvido em mais de 80 mortes ao cobrar dívidas, das quais ""diretamente" em 50 delas.
Faria é procurado pela Justiça de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, segundo o Denarc, por tráfico de drogas, formação de quadrilha e homicídio.
Ele está foragido desde 96, quando escapou do Instituto Penal Agrícola de Bauru (semi-aberto), no interior de São Paulo.
Ex-escriturário, nascido em Chavantes (248 km de SP), os irmãos do traficante são investigados nessa cidade pelo Ministério Público por terem financiado campanhas eleitorais e vencido licitações de transporte de ônibus com suspeita de irregularidades.
Na região de Botucatu, Faria teria ordenado um sequestro de familiares de um ex-preso da Penitenciária do Estado, no complexo do Carandiru (zona norte da capital) para cobrar dívida. Esse condenado teria escapado na fuga de 106 presidiários, em novembro do ano passado. O túnel do plano teria sido financiado pelo traficante, segundo o Denarc, para garantir "status" entre os criminosos.
A polícia acredita que Faria não tenha ligações com o PCC, a facção criminosa de São Paulo que se aliou ao Comando Vermelho do Rio. Isso porque ele se diz, nas gravações, batizado pelo CV e defende que um dos seus ""funcionário" recuse se filiar à facção.
Segundo o Denarc, Faria tinha um número de celular diferente para cada tipo de cliente, como uma linha direta de "atendimento ao cliente". ""Você sempre tem de deixar carta comigo, um telefone. Você me deve. Explicação não paga dívida", diz um trecho de telefonema gravado pela polícia.
No mapa de traficantes que abastecem São Paulo, Faria aparece como líder da zona oeste. O nome dele aparece em investigações sobre corrupção policial -teria oferecido dinheiro para libertar aliados- e homicídios de dois advogados, na Grande São Paulo.


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