|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Depois de seis meses de investigação, polícia detém cinco do grupo de Claudair de Faria, que conseguiu escapar
Presa em SP quadrilha ligada a Beira-Mar
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma operação que envolveu
cem policiais em quatro cidades
diferentes, o Denarc (Departamento Estadual de Investigações
sobre Narcóticos) de São Paulo
apreendeu 420 kg de cocaína e deteve cinco pessoas acusadas de
pertencer à quadrilha do traficante Claudair Lopes de Faria, 32, conhecido como Claudinho, que se
diz ""batizado" pelo Comando
Vermelho do Rio e ""compadre"
do maior fornecedor de drogas do
país, Fernandinho Beira-Mar.
É a primeira vez que a polícia
paulista confirma a presença de
traficante ligado à organização
criminosa Comando Vermelho
agindo no Estado. Claudinho, ou
CL, teria o domínio de 50 favelas
de São Paulo, grande parte na zona oeste, para a distribuição de
cocaína trazida da Colômbia, segundo investigação do Denarc.
Faria conseguiu fugir do cerco
policial montado em Jandira, na
Grande São Paulo, mas seu irmão
e braço direito, João Batista de Faria, 40, foi preso. Além dele, foram
detidos Clodemir Monteiro, 21,
Alex Sandro de Souza, 23, Francini Cardoso de Almeida, 30, e uma
adolescente de 17 anos.
A ação aconteceu sábado passado, após seis meses de investigação, em São Paulo -Jabaquara e
Vila Santa Catarina-, Jandira,
Itapevi (Grande São Paulo) e Itu,
no interior, onde a maior parte da
droga estava enterrada.
Segundo o delegado Ivaney
Cayres de Souza, diretor do Denarc, nesse período, Faria manteve contato com as Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia) e se utilizou das mesmas
rotas, às vezes dos mesmos
aviões, de Beira-Mar para trazer
pasta de cocaína da Colômbia. O
esquema movimentava cerca de
1,5 tonelada de droga por mês.
""Falam de dólares [nas gravações" como se fossem exportadores", afirma o delegado.
O inquérito tem cerca de 400
horas de grampos telefônicos gravados. São diálogos de cobrança
de dívidas, aliciamento de "funcionários", encomendas e conversas em que CL narra, de acordo com a polícia, suas ligações
com Beira-Mar e o CV.
""Aqui é duas letras só [CV", não
é três", diz a voz, identificada pelo
Denarc como sendo CL, em conversa com o traficante Barriga,
preso no Centro de Detenção Provisória da Vila Independência, na
capital, que afirmara estar sendo
pressionado a entrar para o (Primeiro Comando da Capital).
Ameaças
Em outros trechos, a mesma voz
ameaça matar devedores, se define como um ""Estado dentro do
Estado" e cobra ""lealdade e honestidade" dos jovens soldados
que recruta. ""Na hora que eu chegar para bater na porta da sua casa, não quero mais receber. Você
já conheceu pessoas que eu já
mandei para a casa do c...", disse,
por celular, a um desconhecido.
A polícia não permitiu que os
presos falassem com a imprensa
ontem. O Denarc não soube informar o nome do advogado que
acompanhou os presos e que não
participou da entrevista.
O grupo de Claudinho demorou
para se preso porque trocava
constantemente de telefone.
Na operação de sábado, o Denarc apreendeu 32 celulares e dois
telefones para comunicação por
satélite, de uso proibido no país,
comprados e registrados na Holanda -cada um avaliado em R$
8.500, mantidos a um custo de
US$ 1.000 (R$ 3.560) o minuto de
conversação para ""garantir a segurança do negócio".
Com o grupo, os policiais
apreenderam ainda quatro balanças de precisão, um aparelho para
contar dinheiro e cinco armas.
No ano passado, uma investigação descobriu remessas de dinheiro do irmão de CL, Antonio
Carlos Faria, também foragido,
para a conta do doleiro Omar
Ayoub, acusado no Rio de Janeiro
de ser a pessoa que lavava dinheiro para Fernandinho Beira-Mar.
O Denarc quer saber agora como Faria lavava seu dinheiro. Os
policiais vão começar a investigação pelas escrituras de imóveis
apreendidas nas bases de operação da quadrilha.
Texto Anterior: Tráfico: Policiais prendem quadrilha de traficante ligado a Beira-Mar Próximo Texto: "CL" oferece recompensa por delatora Índice
|