São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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TRANSPORTE

Veículos são de novas linhas autorizadas pela prefeitura, mas categoria alega que elas tiram passageiros das lotações

Perueiros barram microônibus na zona sul

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Perueiros impediram nos últimos três dias a circulação de microônibus de duas viações em linhas novas autorizadas pela prefeitura na zona sul de São Paulo.
A ação foi uma resposta à iniciativa da gestão Marta Suplicy de expandir a oferta de microônibus operados por empresas de ônibus, e não por autônomos. A categoria alega que as novas linhas tiram os passageiros das lotações.
No último sábado, a viação Campo Belo começaria a colocar à disposição 15 microônibus para fazer a linha Jardim Guarujá-Santo Amaro. A partida dos veículos foi impedida por 200 perueiros.
Ontem, outros 15 microônibus da linha Jardim Ângela-Santo Amaro, controlada há mais de um mês pela viação Jurema, também deixaram de circular de manhã e à tarde por causa das ameaças de quase 50 motoristas de lotação.
O encarregado de tráfego da Jurema, Gilberto Novaes dos Santos, disse que a empresa não se sentiu segura para manter os veículos. "A gente tirou porque eles ameaçavam depredar os microônibus. A polícia disse que só dava para garantir a proteção no ponto final, mas não no percurso inteiro. A gente preferiu não arriscar."
Segundo ele, a volta dos microônibus à linha Jardim Ângela-Santo Amaro aconteceria no final da tarde, após uma reunião entre líderes dos perueiros e da SPTrans -São Paulo Transporte, órgão municipal que cuida do setor.
Na reunião, a prefeitura suspendeu temporariamente a implantação da linha Jardim Guarujá-Santo Amaro, que seria operada pela Campo Belo. Segundo a assessoria da SPTrans, técnicos vão estudar os argumentos dos autônomos até tomar uma decisão final.
Líderes de perueiros da zona sul disseram que a ação dos últimos três dias não foi organizada pelas cooperativas, mas que não vão permitir a criação de novas linhas de microônibus operadas pelos empresários. "A gente não vai aceitar essa concorrência desleal", afirmou Marcos Antonio de Souza, vice-presidente da Cooperpan. "Na minha área eles não entram, porque a gente vai reagir", disse Francisco de Mola Neto, presidente da Cooperpeople.
Os 30 microônibus liberados pela prefeitura na zona sul, com capacidade para 15 lugares, deveriam transportar 3.000 passageiros diariamente em cada linha.
Nas zonas norte e oeste, já existem mais de 120 veículos desse tipo, chamados de Urbaninhos, controlados pelas empresas de ônibus. Os primeiros, das viações Castro e AAL, começaram a circular em 1999, na gestão Pitta.
Neste ano, Marta liberou a circulação de 67 microônibus na zona norte, operados pela viação Brasil Luxo, do empresário Belarmino Marta. Diferentemente dos demais, os da zona norte têm cortinas e ar-condicionado, embora cobrem a mesma tarifa de R$ 1,40.
A viação Jurema, do empresário José Ruas Vaz, líder de mercado na capital paulista, também planeja implantar nos próximos dias uma linha com ar-condicionado no Centro Empresarial de São Paulo, na marginal Pinheiros.
O presidente do sindicato dos motoristas de ônibus, Edivaldo Santiago, defendeu ontem a ampliação da escolta armada privada para garantir a implantação dos microônibus na zona sul.
A escolta da empresa Plenum é paga há mais de três meses por empresários de ônibus das zonas norte, oeste e leste para acompanhar a fiscalização da SPTrans contra as lotações. A prática foi considerada ilegal por advogados ouvidos pela Folha. Até então, as blitze eram acompanhadas apenas pela PM ou pela GCM (Guarda Civil Metropolitana).
Para Santiago, a SPTrans "abandonou" a repreensão aos perueiros na zona sul porque só está atuando nas regiões onde as viações pagam a segurança privada -Santana (zona norte), Lapa (oeste) e Itaquera (leste). A SPTrans não quis comentar o assunto ontem.


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