São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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JUVENTUDE ENCARCERADA

Administradores perderam os cargos por indícios de agressões contra internos e indisciplina em unidades

Secretário afasta 10 diretores da Febem

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa ação inédita, a Febem substituiu ontem dez diretores da instituição em São Paulo. A mudança foi motivada por indícios de maus-tratos contra os adolescentes internos e indisciplina.
"Passamos um pente fino nas unidades que tradicionalmente são mais críticas", disse o secretário da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, que assumiu a presidência da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) há menos de um mês. Até então, a instituição era ligada à Secretaria da Educação.
Foram afastados diretores de três complexos que abrigam reincidentes graves.
No complexo Vila Maria, foram substituídos os cinco diretores do complexo, que tem quatro unidades, além da divisão geral. No Tatuapé, foram dois. No Raposo Tavares também saíram dois, um dos quais tinha sido afastado na semana passada, após denúncias de que internos teriam sido mantidos trancados nos quartos -sem acesso a banheiro, pátio ou refeitório.
O diretor da coordenadoria técnica da Febem também foi afastado -esse setor, agora, será integrado à coordenadoria pedagógica e dirigido por Maria Madalena Rodrigues Wu, ex-diretora do Centro de Integração da Cidadania (CIC) e ex-coordenadora da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

Renovação
Todos os novos diretores (nove ao todo) são de fora da Febem. Destes, três são professoras da rede estadual.
Segundo o secretário, a meta é "oxigenar" a instituição. "Quero colocar diretores de confiança para que a gente possa acabar de vez com essa possibilidade de maus-tratos", disse. Ainda de acordo com Moraes, os indícios de maus-tratos são provenientes da Promotoria e alguns foram constatados pela Corregedoria da Febem.
Dos dez diretores anteriores, um foi demitido por não ter entrado na instituição mediante concurso. Os demais foram reencaminhados às funções originais e passarão por uma sindicância. A maioria, segundo o secretário, entrou na entidade como monitor, mas o setor de recursos humanos da entidade decidirá para onde eles serão remanejados. Somente após o resultado da sindicância seus nomes serão divulgados.
A Febem tem 77 unidades no Estado e cerca de 6.500 internos.
Ontem, um curso de padronização administrativa e pedagógica começou a ser ministrado a cem funcionários da Febem. As aulas, dadas em parceria com o Ministério Público e o Departamento de Execução da Infância e Juventude, vão até amanhã.
Outra medida anunciada ontem pelo secretário foi a realização de uma pesquisa no próximo mês para identificar quais cursos profissionalizantes os internos querem receber.
O projeto será realizado em parceria com a associação comercial de São Paulo, a federação das associações comerciais no Estado e a Rede Brasileira de Entidades Assistenciais Filantrópicas (Rebraf).


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