|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUVENTUDE ENCARCERADA
Administradores perderam os cargos por indícios de agressões contra internos e indisciplina em unidades
Secretário afasta 10 diretores da Febem
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa ação inédita, a Febem
substituiu ontem dez diretores da
instituição em São Paulo. A mudança foi motivada por indícios
de maus-tratos contra os adolescentes internos e indisciplina.
"Passamos um pente fino nas
unidades que tradicionalmente
são mais críticas", disse o secretário da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, que assumiu a
presidência da Febem (Fundação
Estadual do Bem-Estar do Menor) há menos de um mês. Até
então, a instituição era ligada à Secretaria da Educação.
Foram afastados diretores de
três complexos que abrigam reincidentes graves.
No complexo Vila Maria, foram
substituídos os cinco diretores do
complexo, que tem quatro unidades, além da divisão geral. No Tatuapé, foram dois. No Raposo Tavares também saíram dois, um
dos quais tinha sido afastado na
semana passada, após denúncias
de que internos teriam sido mantidos trancados nos quartos
-sem acesso a banheiro, pátio
ou refeitório.
O diretor da coordenadoria técnica da Febem também foi afastado -esse setor, agora, será integrado à coordenadoria pedagógica e dirigido por Maria Madalena
Rodrigues Wu, ex-diretora do
Centro de Integração da Cidadania (CIC) e ex-coordenadora da
Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
Renovação
Todos os novos diretores (nove
ao todo) são de fora da Febem.
Destes, três são professoras da rede estadual.
Segundo o secretário, a meta é
"oxigenar" a instituição. "Quero
colocar diretores de confiança para que a gente possa acabar de vez
com essa possibilidade de maus-tratos", disse. Ainda de acordo
com Moraes, os indícios de maus-tratos são provenientes da Promotoria e alguns foram constatados pela Corregedoria da Febem.
Dos dez diretores anteriores,
um foi demitido por não ter entrado na instituição mediante
concurso. Os demais foram reencaminhados às funções originais e
passarão por uma sindicância. A
maioria, segundo o secretário, entrou na entidade como monitor,
mas o setor de recursos humanos
da entidade decidirá para onde
eles serão remanejados. Somente
após o resultado da sindicância
seus nomes serão divulgados.
A Febem tem 77 unidades no
Estado e cerca de 6.500 internos.
Ontem, um curso de padronização administrativa e pedagógica
começou a ser ministrado a cem
funcionários da Febem. As aulas,
dadas em parceria com o Ministério Público e o Departamento de
Execução da Infância e Juventude, vão até amanhã.
Outra medida anunciada ontem
pelo secretário foi a realização de
uma pesquisa no próximo mês
para identificar quais cursos profissionalizantes os internos querem receber.
O projeto será realizado em parceria com a associação comercial
de São Paulo, a federação das associações comerciais no Estado e
a Rede Brasileira de Entidades Assistenciais Filantrópicas (Rebraf).
Texto Anterior: Vigilância total: Escola estadual coloca câmeras nos banheiros Próximo Texto: Visita íntima a jovem infrator no RJ é suspensa Índice
|