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SAÚDE/ SEXUALIDADE
Psicoterapia resgata vida sexual na menopausa
Questões sociais e psicológicas afetam mulher tanto quanto falta de hormônios
Disfunções do parceiro, problemas de auto-estima, preconceitos, falta de diálogo e de erotismo dificultam sexualidade
CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL
Manter uma vida sexual satisfatória durante a menopausa, para muitas, não é tarefa
simples. Estudo realizado pela
Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas mostrou que a
psicoterapia, além do tratamento hormonal, pode ser importante para ajudar as mulheres a não abandonar sua sexualidade em meio às mudanças.
Foram estudadas 41 mulheres que estavam na transição
menopáusica, com idades entre
40 e 51 anos, durante quatro
meses. Elas foram divididas em
dois grupos: um tomava medicamentos fitoterápicos para diminuir os sintomas, o outro,
além dos fitoterápicos, passou
a fazer psicoterapia em grupo.
O segundo teve aumento de
47,8% na freqüência sexual em
relação a antes da pesquisa
-contra aumento de 17,7% do
primeiro. A qualidade do sexo
também melhorou 16,6% para
o segundo grupo, enquanto o
primeiro teve pequena piora.
"As mulheres que estão tendo dificuldades sexuais precisam de um apoio focado nessas
questões", diz a psicóloga e professora da USP Heloísa Fleury,
autora do estudo. Na terapia,
foram abordados temas como
desejo sexual, comunicação e
intimidade, orgasmos, vínculo
conjugal, disponibilidade para
mudanças e autoimagem.
Fleury ressalta a importância
de questionar a paciente sobre
disfunções do parceiro. Segundo ela, se o casal evita falar sobre o assunto pode acabar desenvolvendo, inconscientemente, formas de se evitar.
A psicóloga afirma que mulheres que têm uma vida sexual
anterior prazerosa e contínua,
têm tendência a manter uma
atividade sexual melhor.
De acordo com Fleury, as
perdas e mudanças próprias da
época também influenciam. "A
perda da juventude, os filhos
que crescem, essas coisas que
acompanham esse momento
da vida afetam tanto quanto as
alterações hormonais." Muitas
vezes, a função de avó também
acaba sendo colocada antes do
"ser mulher".
Em baixa
"Já passei da idade de pensar
nessa coisa de sexo." Essa frase
é ouvida com frequência pela
ginecologista Carolina Carvalho, que coordena o Projeto
Afrodite, na Casa do Climatério, da Unifesp, onde se discute
a sexualidade feminina. "A mulher chega com a auto-estima
em baixa, se sentindo velha,
gorda, feia. Ainda há um estigma muito grande, parece que a
mulher depois da menopausa
só pode ser avó."
No projeto, além de levantar
o amor próprio dessas mulheres, uma equipe multidisciplinar faz avaliação e pode receitar a terapia hormonal, tira dúvidas e oferece atendimento
psicológico. Uma fisioterapeuta avalia e ensina exercícios que
trabalham a musculatura vaginal, que pode ficar mais flácida
com a menopausa.
"É importante resgatar o erotismo. O desejo sexual feminino tem que ser exercitado. Se
não está vindo espontaneamente, tem que procurar", diz.
A médica aborda ainda um
tema tabu: "A masturbação tem
muita resistência. Menos de
20% das mulheres se masturbam nessa faixa etária. Mas esse é um grande exercício para a
sexualidade".
"A mulher vive mais de um
terço da vida na menopausa. É
uma fase difícil, mas ela pode
descobrir uma nova mulher."
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