São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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Assembléia adia discussão de veto a cigarro

Acordo entre tucanos e petistas fez discussão sobre projeto do governo do Estado ficar para depois das eleições municipais

Antes do adiamento, deputados votariam relatório que "ressuscitaria" 13 de 16 emendas contrárias à lei antifumo de José Serra

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Diante da pressão de sindicatos ligados a bares, restaurantes e hotéis, a Assembléia Legislativa de São Paulo adiou para depois das eleições a discussão sobre o projeto do governo para aumentar a restrição do tabagismo em locais fechados.
Ontem, a comissão de Saúde da Casa votaria o relatório do petista Marcos Martins que "ressuscitou" 13 das 16 emendas derrubadas pelo parecer do líder do governo, Barros Munhoz (PSDB), entre elas as que autorizam os estabelecimentos a implantar os fumódromos em locais fechados.
O fim dos locais destinados a fumantes é a espinha dorsal do projeto do governador José Serra (PSDB) e, ao mesmo tempo, o principal item de descontentamento das entidades representativas -patronal e dos trabalhadores- de bares, restaurantes e hotéis.
Com camisetas, faixas e panfletos, um grupo de manifestantes ligado a essas entidades tomou o plenário para pressionar os deputados. E conseguiu. Mesmo com a maioria para derrubar o relatório, a base do governo aceitou um acordo com o PT para adiar para depois do primeiro turno (5 de outubro) a votação.
"Lógico que podíamos [derrubar o relatório]. Mas demos a demonstração de que estamos plenamente dispostos ao diálogo. Qual a diferença de votar o projeto agora ou daqui a um mês?", diz Munhoz. "Esse relatório vai ser derrubado, sem a menor sombra de dúvidas."
A base governista também aceitou fazer uma audiência pública para discutir o assunto.
Vaz de Lima disse ainda que também deve adiar para depois do segundo turno das eleições (26 de outubro) a votação do projeto porque prevê faltar quórum e, ainda, para o resultado não sofrer eventuais interferências eleitorais. "Como está no momento eleitoral, com uma coisa dessas o indivíduo [deputado] pode se preocupar. Se ele não puder entrar nessa dividida, ele vai fazer. Isso é questão de sobrevivência política, absolutamente normal."
O diretor da federação patronal dos hotéis, bares e restaurantes, Telmo Cortes de Carvalho, disse ter ficado feliz com o adiamento. "Não somos contra a discussão, não somos contra a organização. Mas o cidadão não precisa ser tão tutelado pelo Estado", disse. Para ele, pode haver a perda de mais clientes com a nova legislação, além daqueles perdidos com a lei seca. "O movimento caiu de 20% a 30%. Barzinho caiu 40%, 50%. A pessoa prefere comer uma pizza, por exemplo, em casa."
O líder da bancada petista, Roberto Felício, disse que a bancada governista aceitou o acordo porque sentiu que iria levar "muita vaia".


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